Greves, desastres naturais e desvalorização da moeda local são apontados como fatores para o aumento dos custos
O portal Copa 2014 (www.copa2014.org.br) publicou nesta segunda-feira números inéditos sobre o custo dos estádios da África do Sul. De acordo com a reportagem do site, o orçamento divulgado pelo governo sul-africano de 8,4 bilhões de rands (cerca de R$ 2,15 bilhões) pulou para cerca de 16 bilhões de rands (R$ 4,15 bilhões), segundo números oficiais das províncias que sediarão a Copa. Os cinco estádios construídos especialmente para o Mundial foram os principais atores do estouro, responsáveis por 75% do total investido nas arenas.
Para efeito de comparação, na Alemanha, a proposta do Mundial de 2006 previa gastos de 940 milhões de euros (R$ 2,215 bilhões) para os 12 estádios na ocasião. Mas, ao final das obras, as despesas aumentaram 50% e totalizaram 1,41 bilhão de euros (R$ 3,32 bilhões). Para 2014, o governo brasileiro formalizou o orçamento dos 12 palcos da Copa: a conta começa em R$ 5,342 bilhões.
Para efeito de comparação, na Alemanha, a proposta do Mundial de 2006 previa gastos de 940 milhões de euros (R$ 2,215 bilhões) para os 12 estádios na ocasião. Mas, ao final das obras, as despesas aumentaram 50% e totalizaram 1,41 bilhão de euros (R$ 3,32 bilhões). Para 2014, o governo brasileiro formalizou o orçamento dos 12 palcos da Copa: a conta começa em R$ 5,342 bilhões.
Maiores variações de custos
O membro do conselho técnico municipal das obras do Mundial, Dave Hugo, revelou que os números começaram a crescer quando moradores do bairro de Green Point reclamaram dos possíveis impactos ambientais da construção. Assim, materiais para atenuar o barulho durante jogos, além de medidas para assegurar a proteção sísmica local, contribuíram sozinhos para aumentar os gastos em 1 bilhão de rands (R$ 250 milhões) logo no começo. "Isso sem contar as flutuações cambiais do rand, a inflação em alta e a escassez de materiais. Fomos afetados por um inesperado e extraordinário aumento de preços com a crise mundial", acrescentou Hugo.
Em Porto Elizabeth, o estádio Nelson Mandela Bay, inicialmente orçado em 890 milhões de rands (R$ 228 milhões), terminou custando 2,1 bilhões de rands (R$ 538 milhões) na conta final. Com capacidade para 46.082 torcedores, as obras no complexo esportivo sofreram principalmente com a desvalorização do rand durante a crise financeira global, o que aumentou o preço da importação de materiais, como as 36 vigas de sustentação produzidas no Kuwait e a membrana do telhado feita no Japão. "A maioria dos preços teve acréscimo de 28% em relação ao esperado", explicou o diretor do projeto, Errol Heynes.
Os outros dois estádios construídos especialmente para a Copa do Mundo não apresentaram variação de custo tão alta. O Peter Mokaba, em Polokwane, custou cerca de 200 milhões de rands a mais que o previsto. Foi finalizado com 1,5 bilhão de rands (R$ 385 milhões). O Mbombela, em Nelspruit, alcançou 1,05 bilhão de rands (R$ 269 milhões), após orçamento inicial de 870 milhões de rands (R$ 223 milhões).
Soccer City
Erguido em 1987 próximo ao bairro Soweto, o antigo estádio com capacidade de 80 mil torcedores foi praticamente reconstruído. Depois de 80 mil m³ de concreto e 11 milhões de tijolos, o novo Soccer City ganhou um design inspirado no vaso de cabaça, um dos símbolos da cultura do continente africano.
Assim como nas outras obras da Copa, o arquiteto responsável pela obra, Bob van Bebber, atribui a diferença de custos ao aumento do preço dos materiais diante da crise econômica mundial. "O grande desafio foi alongar o orçamento na medida do possível. Apesar disso, acho que demos valor para todo o dinheiro investido", afirmou Bebber.
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