"Olá a todos. Como estão todos hoje? Estou aqui com estudantes da Escola Wakefield em Arlington, na Virgínia. E temos alunos nos ouvindo em toda a América, do jardim de infância até a 12ª série. Estou feliz de que todos vocês possam estar conosco hoje.
Eu sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aula. E para aqueles de vocês que estão no jardim de infância, ou começando o ensino fundamental ou o ensino médio, é o primeiro dia de vocês em uma nova escola, então é compreensível que vocês estejam um pouco nervosos.
Eu acredito que existam alguns estudantes mais antigos, que estão se sentindo muito bem, já que está faltando apenas mais um ano. E não importa em que série vocês estejam, alguns de vocês provavelmente estão desejando que ainda estivéssemos no verão e pensando que vocês poderiam ter ficado um pouco mais na cama nesta manhã. Eu conheço essa sensação.
Quando eu era novo, minha família viveu na Indonésia por alguns anos e minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para as escolas onde todos as crianças americanas iam. Então ela resolveu que ela mesma me daria aulas extras, de segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.E eu não gostava muito de acordar tão cedo. Muitas vezes eu pegava no sono ali mesmo, na mesa da cozinha. Mas sempre que eu reclamava, minha mãe me dava aquele olhar e dizia: "Isto não é um piquenique para mim também".
Então eu sei que alguns de vocês ainda estão se adaptando à volta às aulas. Mas eu estou aqui hoje porque eu tenho uma coisa importante para conversar com vocês. Eu estou aqui porque quero falar sobre a educação de vocês e o que se espera de todos vocês neste novo ano escolar.
Eu já fiz muitos discursos sobre educação. E eu já falei muito sobre responsabilidade. Eu já falei sobre a responsabilidade de seus professores de inspirar vocês e fazê-los aprender. Eu já falei sobre a responsabilidade que seus pais têm de ter certeza de que vocês estejam no caminho certo, de fazer com que os deveres de casa sejam feitos e de que vocês não passem todas as horas acordados em frente à televisão ou com aquele Xbox.
Eu falei bastante sobre a responsabilidade de seu governo de manter altos padrões, de ajudar professores e diretores e de mudar a atitude de escolas que não estão funcionando, onde os alunos não estão tendo as oportunidades que eles merecem.
Mas no final das contas, nós podemos ter os professores mais dedicados, os pais mais atenciosos, as melhores escolas no mundo e nada disso vai ter importância a não ser que todos vocês cumpram as suas responsabilidades. A não ser que vocês compareçam a essas escolas, prestem atenção a esses professores, ouçam os seus pais, avós e adultos e tenham o empenho necessário para obter sucesso.
E é nisso que eu quero focar hoje: na responsabilidade que cada um de vocês tem na educação de vocês. Eu quero começar com a responsabilidade que vocês têm com vocês mesmos. Todos têm uma coisa na qual são bons. Cada um de vocês tem algo a oferecer. E vocês têm a responsabilidade com vocês mesmos de descobrir o que é.
Esta é a oportunidade que a educação pode dar.Talvez você pudesse ser um bom escritor, talvez bom o suficiente para escrever um livro ou artigos num jornal. Mas você pode nunca saber até que escreva uma redação para a sua aula de inglês.
Talvez você pudesse ser um inventor, talvez você seja bom o suficiente para inventar o novo iPhone ou um remédio ou vacina novos. Mas você não saberá até que faça um trabalho para a sua aula de ciência.
Talvez você pudesse ser um prefeito, um senador ou um integrante da Corte Suprema de Justiça, mas você pode não saber até que se junte a um governo estudantil ou a um grupo de debate.
E não importa o que você queira fazer com a sua vida, eu garanto que você precisará da educação para fazê-lo. Você quer ser um médico, um professor, ou um policial? Você quer ser enfermeiro ou um arquiteto, um advogado ou um membro das nossas Forças Armadas? Você precisará de uma boa educação para cada uma dessas carreiras.
Você não pode cair fora da escola e engrenar num bom emprego. Você tem que trabalhar por isso, treinar para isso e aprender para isso.E isso não é importante apenas para a vida de vocês ou para o futuro de vocês. O que vocês fazem da educação de vocês vai decidir nada menos que o futuro desse país.
O que vocês estão aprendendo na escola hoje vai determinar se nós, como uma nação, podemos enfrentar nossos maiores desafios no futuro.Vocês vão precisar do conhecimento e habilidade para resolver problemas que vocês aprenderam nas aulas de ciência e matemática para curar doenças como câncer ou Aids, e para desenvolver tecnologia de novas energias e proteger o meio ambiente.
Vocês vão precisar da compreensão e habilidade de pensamento crítico que vocês ganharam nas aulas de história e estudos sociais para lutar contra a pobreza, a falta de moradia, o crime, a discriminação e fazer a nossa nação mais justa e mais livre.
Vocês vão precisar da criatividade e inventividade que desenvolveram em todas as suas aulas para construir novas empresas, que vão criar novos empregos e impulsionar nossa economia.
Nós precisamos que cada um de vocês desenvolva seus talentos, habilidades e intelecto para que possam ajudar a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se vocês não fizerem isso, se desistirem da escola, vocês não estão apenas desistindo de vocês mesmos, estão desistindo do seu país.
Eu sei que nem sempre é fácil ir bem na escola. Eu sei que muitos de vocês têm desafios nas vidas de vocês que podem dificultar o foco na escola. Eu entendo. Eu sei como é isso. Meu pai deixou a minha família quando eu tinha dois anos de idade, e fui criado por uma mãe solteira que lutava às vezes para pagar as contas e que nem sempre podia dar coisas para nós que os outros garotos tinham.
Houve épocas em que eu senti falta de ter um pai na minha vida. Houve épocas em que eu me senti só e senti que não me encaixava.Então eu não estava sempre tão focado como eu deveria estar. Eu fiz algumas coisas das quais não me orgulho, e tive mais problemas que eu deveria ter tido. E minha vida poderia ter facilmente ter dado uma virada para o pior.
Mas eu fui afortunado. Eu tive muitas segundas chances e tive a oportunidade de ir para a faculdade, de estudar Direito e seguir os meus sonhos.
Minha mulher, a primeira-dama Michelle Obama, tem uma história parecida. Nenhum dos pais dela foi para a faculdade e eles não têm muito. Mas eles trabalharam duro e ela trabalhou duro para que pudesse ir às melhores escolas do país.
Alguns de vocês podem não ter estas vantagens. Talvez vocês não tenham adultos nas suas vidas que dêem o suporte que vocês precisam. Talvez alguém nas suas famílias perdeu o emprego e não haja dinheiro suficiente para se virar. Talvez você viva numa vizinhança onde você não se sinta seguro, ou tenha amigos que estão pressionando você para fazer coisas que você sabe que não são corretas.
Mas no final do dia, as circunstâncias da sua vida - como você se parece, de onde você vem, quanto dinheiro você tem, o que está acontecendo na sua casa - não é desculpa para negligenciar seu trabalho de casa ou ter um comportamento ruim. Não é desculpa para dar uma resposta rude para seu professor, ou matar aula, ou desistir da escola. Não é desculpa para não tentar.Onde você está agora não tem que determinar o lugar onde você vai acabar.
Ninguém está escrevendo o seu destino para você. Aqui na América você escreve o seu próprio destino. Você faz seu próprio futuro.É isso que jovens como vocês estão fazendo todos os dias, em toda a América.
Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Jazmin não falava inglês quando ela começou na escola. Quase ninguém na cidade natal dela fez faculdade e os pais dela também não. Mas ela trabalhou duro, obteve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos na universidade Brown e está agora na escola técnica, estudando saúde pública, no caminho para se tornar Doutora Jazmin Perez.
Estou pensando em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que lutou contra um câncer no cérebro desde que tinha três anos de idade. Ele enfrentou toda a sorte de tratamentos e cirurgias, uma delas afetou a sua memória, então ele levou muito mais tempo - centenas de horas extras - para fazer o dever de casa. Mas ele nunca ficou para trás, e ele rumou para a faculdade neste outono.
E há também Shantell Steve, da minha cidade natal Chicago, em Illinois. Mesmo quando ela estava pulando de lar adotivo para lar adotivo nas mais árduas vizinhanças, ela conseguiu um emprego num centro de saúde local, entrou num programa para manter jovens fora de gangues e está no caminho para terminar o ensino médio com honras e ir para a faculdade.
Jazmin, Andoni e Shantell não são diferentes de nenhum de vocês. Eles enfrentaram desafios nas suas vidas assim como vocês enfrentam. Mas eles se recusaram a desistir. Eles escolheram ter responsabilidade sobre a educação deles, e estabeleceram objetivos para eles mesmos. E eu espero que todos vocês façam o mesmo.
É por isso que hoje eu estou pedindo que cada um de vocês estabeleça metas na sua educação e façam tudo que vocês podem para alcançá-las. Seus objetivos podem ser tão simples como fazer todo o dever de casa, prestar atenção nas aulas, ou passar um tempo diariamente lendo um livro.
Talvez vocês decidam se envolver em alguma atividade extracurricular, ou ser voluntário na sua comunidade. Talvez vocês decidam apoiar crianças que são caçoadas ou intimidadas por causa da maneira como são ou como se parecem, porque você acredita, como eu, que todas as crianças merecem um ambiente seguro para estudar e aprender.
Talvez você decida tomar mais cuidado de você mesmo para que esteja mais pronto para aprender. E eu espero que vocês lavem muito as mãos, e fiquem em casa quando não se sentirem bem, para que evitemos que as pessoas peguem esta gripe neste outono e no inverno.
O que quer que vocês resolvam fazer, eu quero que vocês se comprometam. Eu quero que vocês realmente trabalhem para isso. Eu sei que às vezes você pode ter a impressão pela televisão de que você pode ser rico e bem sucedido sem nenhum trabalho duro, que o seu tíquete para o sucesso está no rap ou no basquete ou em ser uma estrela de reality show da TV, quando a probabilidade é que você não vai ser nenhuma dessas coisas.
Mas a verdade é que ter sucesso é difícil. Vocês não vão amar todas as matérias que estudarem. Vocês não vão se conectar com cada professor. Nem toda tarefa de casa vai parecer completamente relevante para sua vida naquele minuto. E você não vai necessariamente ser bem sucedido em tudo na primeira vez que tenta.
Mas não há problema. Algumas das pessoas mais bem sucedidas no mundo são aquelas que tiveram os maiores fracassos. O primeiro livro Harry Potter de JK Rowling foi rejeitado doze vezes antes de ter sido finalmente publicado.
Michael Jordan foi cortado do time de basquete de sua escola e perdeu centenas de jogos e milhares de cestas na carreira dele. Mas uma vez ele disse: "Eu falhei várias e várias e várias vezes na minha vida. E foi por isso que eu venci".
Estas pessoas venceram porque elas entenderam que não se pode deixar os fracassos definirem você. Você tem que deixar eles te ensinarem. Você tem que deixar que eles te mostrem o que fazer diferente da próxima vez.
Se você se meter em problemas, não significa que você seja problemático, significa que você tem que tentar se comportar mais. Se você tirar uma nota ruim, isso não significa que você é estúpido, significa apenas que você tem que passar mais tempo estudando.
Ninguém nasceu sendo bom nas coisas, você se torna bom nas coisas por meio do trabalho duro. Você não é atleta da equipe do seu colégio na primeira vez que você joga um novo esporte. Você não alcança todas as notas na primeira vez que canta uma canção. Você tem que praticar.
É o mesmo com sua vida escolar. Você pode ter que fazer um problema matemático algumas vezes antes de acertá-lo ou ler alguma coisa algumas vezes antes de entender, ou fazer alguns rascunhos no papel antes de estar pronto o suficiente para entregar.
Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu faço isso todos os dias. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que você tem a coragem de admitir quando você não sabe algo, e de aprender algo novo.
Então ache um adulto em quem você confia - um pai, avó ou professor, um treinador ou conselheiro - e peça a ele ajuda para que você continue na linha para atingir as suas metas.E mesmo quando você estiver lutando, quando estiver desestimulado e sentir que outras pessoas desistiram de você, nunca desista de você mesmo. Porque quando você desiste de si mesmo, desiste de seu país.
A história da América não é sobre pessoas que desistiram quando as coisas ficaram difíceis. É sobre pessoas que prosseguiram, que tentaram com mais força, que amavam demais seu país para fazer algo menos que o melhor que podiam.
É a história de estudantes que sentaram onde vocês estão sentados 250 anos atrás e foram promover uma revolução e fundaram essa nação. Estudantes que sentaram onde vocês estão sentados 75 anos atrás e superaram a Depressão e ganharam uma guerra mundial, que lutaram pelos direitos civis e colocaram um homem na lua. Estudantes que sentaram onde vocês estão sentados 20 anos atrás e fundaram o Google, o Twitter e o Facebook a mudaram a maneira como nós nos comunicamos.
Então hoje eu quero perguntar a vocês: qual será a contribuição de vocês? Que problemas vocês vão resolver? Que descobertas vocês farão? O que um presidente que virá aqui daqui a 20, 50 ou cem anos dirá sobre o que todos vocês fizeram pelo seu país?
A família de vocês, seus professores, e eu estamos fazendo tudo que podemos para ter certeza que vocês tenham a educação que precisam para responder a estas perguntas.
Estou trabalhando duro para consertar as salas de aula de vocês, e conseguir livros, equipamento e os computadores que precisam para aprender. Mas vocês têm que fazer a sua parte também. Então espero que vocês levem a sério esse ano.
Espero que vocês ponham o máximo esforço em tudo que façam. Espero grandes coisas de cada um de vocês. Então não nos desapontem, não desapontem sua família ou sem país ou a si mesmos. Façam-nos orgulhosos. Eu sei que vocês podem. Obrigado.
Que Deus abençoe vocês, e que Deus abençoe a América".
UOL
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