Com três anos de existência, a UFABC (Universidade Federal do ABC) tem só 20% das obras do campus de Santo André concluídas.
Ao ser criada, em 2006, a previsão era que as obras terminassem em 30 meses, prazo que acabou em março deste ano. Dos seis blocos previstos, apenas um funciona. De acordo com Helio Waldman, pró-reitor de graduação da UFABC, o bloco A "já está com cara de pronto".
Ele será composto por três prédios e é o maior de todos: terá o triplo de área construída do que tem o bloco B, o único inaugurado. "A entrega está prometida para dezembro e me parece viável." Segundo Waldman, depois da entrega, ainda será necessário um tempo para que o lugar seja mobiliado e receba as instalações de rede e internet. "Para 2010, a área disponível da universidade vai triplicar."
Alex Vitorio Amadio, 22, aluno do sexto trimestre do bacharelado em ciência e tecnologia, reclama que o campus é um canteiro de obras. Ele destaca o "alagamento em dia de chuva forte" como um dos maiores problemas estruturais. O pró-reitor Waldman não tira a razão de Alex. Ele confirma que uma área do campus, devido à sua geografia, sofre com alagamentos. Hoje, ela abriga sala de aula e estacionamento.
Quando as obras terminarem, haverá quadras esportivas no local. O problema fica mais sério, diz Waldman, quando o rio Tamanduateí, que passa nas proximidades, transborda. Isso já aconteceu duas vezes desde a inauguração da UFABC. Na terça passada, por precaução, as aulas foram suspensas.
Além das chuvas, o próprio pró-reitor lista outros dois problemas que, segundo ele, "estão com os dias contados": falta de refeitório e de lugar adequado para os alunos estudarem. Segundo ele, o refeitório deve ser terminado até o fim do ano, e a biblioteca, que hoje funciona em instalação provisória, vai se mudar para um lugar melhor no bloco A, mas ainda não será seu endereço definitivo.
"A convivência com a obra não é fácil. O ideal era que colocasse rede, móveis e só então se pusesse uma fita para o presidente inaugurar. Mas, se fizéssemos isso, milhares de alunos seriam privados de estudar", afirma. Apesar da perspectiva de encontrar lama e instalações provisórias, Caio Ignacio, 23, ainda quer se candidatar a uma vaga. Ele tem amigos que já estudam na UFABC e gostam.
Caio visitou o campus, pesquisou o currículo do bacharelado em tecnologia, ouviu falar bem do corpo docente e, por tudo isso, está disposto a estudar lá, caso seja aprovado no vestibular.
A federal do ABC integra o programa de expansão das universidades federais do governo, mas não participa do Reuni, que visa reestruturar instituições já existentes, e não as começadas do zero. Além do campus de Santo André, está sendo construído outro em São Bernardo. A pedra fundamental foi lançada em 23 de agosto.
FOLHA DE SÃO PAULO
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