A pouco mais de um mês para o início do Carnaval, a Prefeitura de Salvador divulgou o "estatuto da folia", que obriga os blocos a fornecerem calçados fechados, protetor solar, luvas, chapéu, camisas de algodão, três litros de água (no mínimo), alimentação adequada e duas caixas de sucos de frutas ou duas latas de refrigerantes por dia para cada cordeiro [pessoa que segura a corda para os foliões brincarem com tranquilidade].
A medida provocou revolta nos dirigentes dos blocos. "Esta é uma decisão autoritária porque as pessoas que fazem a festa acontecer foram ignoradas", afirmou Fernando Bulhosa, presidente do Conselho Municipal do Carnaval. De acordo com Bulhosa, na próxima terça-feira (12), dirigentes dos blocos terão uma reunião com a Saltur (Empresa de Turismo S/A), órgão ligado à prefeitura e responsável pela organização da folia. "Se a negociação não avançar, podemos sugerir que os blocos não desfilem e, assim, a cidade terá um grande prejuízo."
O vice-prefeito de Salvador, Edvaldo Brito, disse que as medidas adotadas foram corretas. "Os cordeiros recebiam tratamento sub-humano, ganhavam um pacote de biscoito e uma caixa de suco. Chegou a hora de a gente se preocupar com quem trabalha no Carnaval", disse. Em média, os grandes blocos contratam cerca de 900 cordeiros durante a festa _no ano passado, cada um recebeu R$ 10 por dia de trabalho. O presidente da Saltur, Cláudio Tinoco, afirmou que as determinações serão cumpridas. "Quem não respeitar (a decisão) será punido."
Além das medidas que regulamentam o trabalho dos cordeiros, o estatuto prevê mais mudanças no Carnaval de Salvador. A prefeitura anunciou que vai disponibilizar 17 creches e três escolas para abrigar as crianças de até cinco anos que forem flagradas trabalhando com seus pais ou responsáveis em barracas ao longo dos três circuitos _Barra/Ondina (orla), Pelourinho (centro histórico) e Campo Grande/praça da Sé (centro).
Os vendedores de produtos também devem usar touca, sapato fechado e avental durante a festa, e o gelo deverá ter o selo de procedência da Vigilância Sanitária. Os trios também terão de usar um aparelho de GPS para facilitar a localização por parte dos associados e da PM, caso haja necessidade.
Outra medida tomada pela prefeitura proíbe que o churrasquinho seja comercializado em espetos. Segundo o estatuto, as carnes deverão ser colocadas em copos ou pratos plásticos. A medida também é válida para o queijo coalho, que somente poderá ser vendido sem o espeto. Nos anos anteriores, os espetos foram usados como armas em muitas brigas.
FONTE: UOL
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