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quarta-feira, outubro 03, 2012

Conar determina retirada de anúncio de lingerie da Duloren em favela


'Anúncio vulgariza mulher e banaliza programa de pacificação', diz relatora. Duloren havia recorrido de decisão semelhante de primeira instância.

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) decidiu por unanimidade determinar a retirada da campanha "Duloren - Pacificar foi fácil. Quero ver dominar". Em decisão de segunda instância, em 31 de julho, após julgar recurso da marca de lingerie, por unanimidade os conselheiros do Conar mantiveram a decisão a de maio, que recomendava a suspensão da propaganda. O G1 entrou em contato com a Duloren e aguarda sua manifestação. 

Segundo o relatório do Conar sobre o recurso impetrado pela Duloren, “numerosos consumidores questionaram anúncio em internet de marca de lingerie que mostra foto de uma jovem negra trajando roupas íntimas e segurando um quepe militar com ar desafiador. Ao fundo, aparece um homem ressonando, com uniforme desabotoado que lembra a farda dos policiais cariocas, tudo ambientado no que sugere ser a laje de uma casa em uma favela carioca”. 
Ainda de acordo com o Conar, para os consumidores, a imagem sugeria desrespeito ao trabalho da polícia e também à imagem feminina, além de expressar racismo e machismo.
A suspensão da campanha foi aprovada por unanimidade pelos 13 conselheiros do Conar em maio, mas a Duloren recorreu alegando que "é inerente à publicidade atrair a atenção dos consumidores sem desrespeitá-los".Na propaganda, lançada em março, uma moradora da Favela da Rocinha, a depiladora Ana Paula Conceição Soares, de 29 anos, aparece em roupas íntimas ao lado de modelo caracterizado como policial do Bope e desacordado. Na imagem, a inscrição: “Pacificar foi fácil, quero ver dominar”. A Rocinha está entre as comunidades do Rio que já receberam uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
Segundo o Conar, o orgão recebeu mais de 20 reclamações de consumidores, homens e mulheres, que consideraram a campanha apelativa, sexista e desrespeitosa à política de segurança pública do Rio de Janeiro.

Segundo o relatório do Conar sobre o recurso, o que a marca quis dizer com a mensagem seria algo como: "Pode-se pacificar um morro, mas nem homem nem soldado nenhum é capaz de dominar uma mulher com lingerie Duloren".

Para Renata Garrido, relatora do recurso, os argumentos não convenceram:

"Existem muitas formas criativas de anunciar lingerie sem ferir as normas da boa propaganda. O anúncio tentou inovar e foi infeliz, pois vulgariza a mulher e banaliza o programa de pacificação das favelas, desrespeitando todas as partes envolvidas", disse ela em seu voto, ratificando a recomendação de sustação, aprovada por unanimidade.

FONTE: G1

CONAR

Mês/Ano Julgamento:JULHO/2012

Representação nº:75/12, em recurso ordinário

Autor(a):Grupo de consumidores

Anunciante:Duloren

Relator(a):Conselheiros Clementino Fraga Neto e Renata Garrido

Câmara:Terceira Câmara e Câmara Especial de Recursos

Decisão:Sustação

Fundamentos:Artigos 1º, 3º, 6º, 19, 20 e 50, letra "c" do Código

Resumo:

Numerosos consumidores questionaram anúncio em internet de marca de lingerie que mostra foto de uma jovem negra trajando roupas íntimas e segurando um quepe militar com ar desafiador. Ao fundo, aparece um homem ressonando, com uniforme desabotoado que lembra a farda dos policiais cariocas, tudo ambientado no que sugere ser a laje de uma casa em uma favela carioca. O anúncio foi veiculado nos dias seguintes à operação de pacificação pela polícia da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Para os consumidores, a imagem sugere desrespeito ao trabalho da polícia e também à imagem feminina, além de expressar racismo e machismo.

Em sua defesa, a Duloren discorda de tal interpretação, vendo na peça publicitária reconhecimento da posição de destaque que a mulher conquistou na sociedade.

Em primeira instância, o Conselho de Ética votou por unanimidade pela sustação, atendendo sugestão do relator. "O anúncio em tela é apenas mais uma incursão midiática da Duloren, dessa vez sem o brilho polêmico de algumas de suas peças de outros tempos, que a fizeram merecer o título irrefutável de campeã absoluta da apelação publicitária no Brasil", escreveu ele em seu voto, sugerindo também a divulgação pública da posição do Conar, levando em conta a reincidência do comportamento do anunciante.
A Duloren recorreu da decisão, alegando que é inerente à publicidade atrair a atenção dos consumidores sem desrespeitá-los. É o que ela acredita ter conseguido com esse anúncio. Considera que a mensagem da peça deva ser entendida como: "Pode-se pacificar um morro, mas nem homem nem soldado nenhum é capaz de dominar uma mulher com lingerie Duloren".
Tais argumentos não convenceram a relatora do recurso. "Existem muitas formas criativas de anunciar lingerie sem ferir as normas da boa propaganda. O anúncio aqui discutido tentou inovar e foi infeliz, pois vulgariza a mulher e banaliza o programa de pacificação das favelas, desrespeitando todas as partes envolvidas", escreveu ela em seu voto, ratificando a recomendação de sustação, aprovada por unanimidade.


FONTE: CONAR

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