Valoriza herói, todo sangue derramado afrotupy!

terça-feira, janeiro 13, 2009

LÁGRIMAS E SUOR, DILUÌNDO SAL E AÇUCAR...


A Província de São Pedro do Rio Grande do Sul ainda sem nenhuma atividade econômica relevante, no ano de 1779 desembarcou um português vindo da Província do Ceara na companhia de alguns negros, e a idéia de produzir carne salgada.



Como o processo exigia a secagem da carne em varais, as praias de areia fina do Rio Grande não foram adequadas. E foi à procura do lugar ideal que esses homens chegaram às do arroio Pelotas em 1780.



Com uma mistura de tecnologia obtida das culturas indígenas e africanas o português criou um produto que encontrou mercado no pais inteiro e logo em outros países, chegando a ser a 5ª economia do Brasil.



A forma de matança que revolucionou a produção de charque vem de um ritual religioso africano.



Como esse processo dependia não só da mão de obra, mas principalmente do conhecimento dos africanos, esses foram trazidos em massa, e aqui inseridos, no que diz respeito aos indicadores sociais, nas piores condições possíveis.



Chegaram a representar 60% da população o que deixa bastante clara a sua importância na construção desta economia – no processo de produção primitiva de capital.



A estação de matança ocorria nos meses que havia sol para secagem ou seja de novembro à maio, no restante do ano o contingente africano era transferido para as olarias.
Um séc. inteiro produzindo charque, dormindo em senzalas úmidas, agüentando o frio, as doenças, e o "mal do sal" rachando seus pés. Um séc. amassando barro, fazendo telhas, falquejando madeira, entalhando pedras, dando forma a uma arquitetura opulenta que nascia da riqueza do charque. 



Construindo o cenário perfeito para uma historias de barões, generais, guerras, saraus, teatro, musica, requinte e sotaque francês. Todo o luxo e refinamento que o dinheiro do charque, a habilidade dos africanos, e a terra dos índios lhes permitiu.


Construindo o cenário perfeito para uma historias de barões, generais, guerras, saraus, teatro, musica, requinte e sotaque francês. Todo o luxo e refinamento que o dinheiro do charque, a habilidade dos africanos, e a terra dos índios lhes permitiu.


Uma grande historia, um grande momento, os navios saiam carregados de charque todos os dias abastecendo armazéns pelo mundo a fora, o charque era a gasolina do mundo escravista, já que o trabalho escravo era a força motriz do séc. XIX, esta carne era a única proteína que mantinha forte o plantel africano, que na condição de escravos, construía o "novo mundo" e dava manutenção ao "velho".



Assim à sombra das charqueadas, as margens de um rio de sangue cresceu a cidade de Pelotas...



Da sangrenta lida brotavam belos casarões, como o colocado no cartaz de divulgação do 28º congresso do ANDES- S.N., matéria, RESISTIR E AVANÇAR: A DEFESA DO ANDES-S.N., ja postada neste blog, os primeiros charqueadores podiam agora financiar educação, polidez e fidalguia aos seus descendentes.



Os navios não param, cargas e descargas levam o charque e trazem mercadorias. Os navios vindos da França são os mais esperados. Mobiliário, porcelanas, cristais, os mais belos trajes na ultima moda da corte, revistas, partituras, obras de arte, os filhos da terra que completaram seus estudos em Paris. 



Nobres e abastados os charqueadores se transformaram em "Barões", a fama do "Refinamento Pelotense" correu os salões até chegar na corte, no apogeu do charque recebeu a visita da família Imperial.



O milagre ecomomico parecia tão solido que não havia com que se preocupar. As senzalas continuavam cheias de um povo que conseguia dar conta daquela lida do charque e manter impecáveis os salões.



Mas veio abolição, e veio sem aviso prévio, sem fundo de garantia, sem ter pra onde ir....
Mais alguns anos e o Banco fundado com o dinheiro do charque quebrou. Boa parte das charqueadas foram demolidas, como se delas partisse uma maldição que gerou a queda... 

do rolo que o tempo, a necessidade, ambição e a cobiça fizeram saímos nós, sem tirar nem por...

Quais são as harmonias possíveis para uma historia tão sangrenta? Da habilidade em responder essa pergunta, depende nosso futuro. Referencia cultural ou convulsão social?

SAIBA MAIS:

Este blog convida a todos para conhecerem a integra deste texto em 

RIO DE SANGUE Parte I: O Começo

RIO de SANGUE Parte II: O processo de produção

RIO de SANGUE Parte III: Revolução




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