A Vila
Isabel entrou
no sambódromo carioca às 5h40 de segunda-feira (20) e teve sua evolução
prejudicada por um tiroteio ocorrido no Morro de São Carlos, nas proximidades
da Sapucaí. Com o tiroteio, a rua Frei Caneca, atrás do sambódromo, foi fechada
pela polícia e os carros da Beija-Flor e da Porto da Pedra ficaram
engarrafados, impedindo que os carros da Vila Isabel deixassem a dispersão. A
dificuldade em retirar as alegorias fez com que o ritmo do desfile tivesse que
ser diminuído pouco depois da metade, mas a escola não estourou o tempo limite
de 82 minutos.
Com um
enredo sobre Angola, a Vila Isabel desfilou
depois de Renascer de Jacarepaguá, Portela, Imperatriz Leopoldinense, Mocidade Independente, Porto da Pedra e Beija-Flor, e retomou a origem africana que lhe
deu o primeiro título de sua história, em 1988 (com o enredo Kizomba).
Desta vez, a escola que
encerrou a primeira noite de desfiles do Carnaval do Rio trouxe o samba-enredo
"Você Semba Lá... Que Eu Sambo Cá! O Canto Livre de Angola", de
autoria do cantor e compositor Martinho da Vila.
Quarta colocada em 2011,
a Vila misturou elementos como o semba (estilo musical angolano) e o kuduro
(uma dança típica do país) com alegorias de temática tribal assinadas pela
carnavalesca Rosa Magalhães, em seu segundo ano consecutivo na organização do
desfile da escola.
A bateria dos mestres
Wallan e Paulinho contou com a apresentadora Sabrina Sato como rainha. A
paulista treinou dança africana para sua apresentação à frente dos ritmistas da
escola.
A
fantasia de Sabrina representava uma guerreira angolana. "Me identifiquei
com o enredo porque Angola tem muito a ver com nosso povo e nossas raízes. Eu
sou uma guerreira, esse desfile vai ser maravilhoso, vamos arrasar", disse
a rainha ao UOL.
"Nunca pensei em pisar na Sapucaí, ainda mais como rainha de
bateria", completou Sabrina. Ela comentou ainda a ida do Pânico para a
Bandeirantes. "Estou de coração aberto, vamos com tudo nessa nova fase. Mudanças
são sempre boas".
A comissão de frente,
bastante inventiva, trazia caçadores que se deslocavam e sumiam no meio da
vegetação da savana. Ao centro, um rinoceronte estilizado que era montado e
desmontado durante uma cena de caçada.
O carro abre-alas,
"A Fauna Selvagem Angolana", trouxe uma profusão de animais
africanos, como girafas, zebras, crocodilos, chitas e antílopes.
O segundo carro,
"Embondeiro - A Árvore da Vida" trazia uma árvore de nove metros de
altura representando um baobá africano muito comum em território angolano. O
embondeiro é considerado uma árvore sagrada e seu caule pode ter um diâmetro de
mais de três metros. “Essa árvore é sagrada, dá alimento, esconde, junta água,
dá fruto. Ela faz parte da sobrevivência do povo”, explicou a carnavalesca Rosa
Magalhães.
O castelo da lendária
“Rainha Jinga” foi representado na terceira alegoria, toda feita em palha e
decorada com máscaras de estilo tribal. A rainha Nzinga Mbandi Ngola, ou
“Jinga”, era do reino de Matamba e viveu de 1581 a 1663. Sua figura é marcante
na história angolana, pois representou a resistência à ocupação pelos
portugueses.
Já na quarta alegoria, a
escola levou um navio negreiro para representar a vinda dos negros escravizados
de Angola. “Vieram mais de quatro milhões de negros de Angola direto para o
Rio. A viagem demorava um mês”, contou Rosa.
A chegada dos escravos ao Cais do Valongo, um mercado a céu aberto no Rio construído no fim do século 18 para o desembarque de milhares de escravos, também teve destaque na quinta alegoria da Vila Isabel. As influências africanas na música e festas brasileiras estão presentes na quinta alegoria.
Para fechar o desfile, o último carro levava Martinho da Vila e 75 baluartes da escola. Martinho, considerado embaixador cultural da lusofonia, disse que tem uma relação de carinho com os países africanos de língua portuguesa. “É uma honra, ganhei esse título quando Angola não tinha embaixada no Brasil. Eu recebia as autoridades logo no período da independência”, disse.
FONTE:carnaval.uolA chegada dos escravos ao Cais do Valongo, um mercado a céu aberto no Rio construído no fim do século 18 para o desembarque de milhares de escravos, também teve destaque na quinta alegoria da Vila Isabel. As influências africanas na música e festas brasileiras estão presentes na quinta alegoria.
Para fechar o desfile, o último carro levava Martinho da Vila e 75 baluartes da escola. Martinho, considerado embaixador cultural da lusofonia, disse que tem uma relação de carinho com os países africanos de língua portuguesa. “É uma honra, ganhei esse título quando Angola não tinha embaixada no Brasil. Eu recebia as autoridades logo no período da independência”, disse.
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