A: André Ribeiro Dos Santos
Assunto: Resposta a sua postagem em uma rede social
Sobre sua postagem vamos por partes, como Jack; Então primeiro: Você não sabe onde esta. E eu credito isso a sua pouca idade e experiência no futebol.
Deixe-me lhe dizer, você esta em uma vitrine com mais de 100 anos
de afirmação no cenário do futebol brasileiro.
Veja bem, no percurso histórico deste clube entre outros passaram Juvenal
– zagueiro titular da seleção brasileira de 1950.
Tivemos uma dupla de zaga formada por Silva e Aluisio – que chegou a ser
titular da seleção gaúcha -, o primeiro teve seu nome gritado como herói por um
Beira-Rio inteiro após um GreNal, ganho pelo Inter, se destacou também no
Cruzeiro mineiro; o segundo passou pelo Internacional fez parte de seleções de
base, sendo campeão mundial e quando poucos jogadores saiam do Brasil para
jogar na Europa, foi contratado pelo Barcelona por indicação por nada mais nada
menos que Johan Cruijff, que dizia ser este jogador
o único, no mundo capaz de cumprir a missão de líbero em seu time. Você sabe, o
líbero que estou falando não é este terceiro zagueiro de agora, ou mesmo aquele
que jogando em dupla fica dando chutão para o lado que aponta o nariz, não. O
libero para jogar no Barcelona – naquele momento dito por muitos como o estágio
inicial que transformou o time catalão nisto que se considera de outro mundo –
tinha de saber desarmar o adversário e sair para o jogo às vezes armando o
próprio ataque, se fazer mais um atacante chegando mesmo a finalizar em gol. Tudo
isso com a bola no gramado com elegância e cabeça erguida. Difícil né? Para nosso orgulho os dois foram formados aqui
mesmo, na baixada.
E, sim, agora mais recentemente Alex Martins,
com qualidade confiável e totalmente identificado com clube, o que quer dizer
com a torcida. Por isso até hoje continua sendo ídolo na baixada. Até para
conseguirmos localizar este atleta ele neste momento faz parte da zaga e senão
me engano é capitão do time líder da chave no mesmo campeonato e fase onde só conseguimos um ponto até
agora.
Poderia, e até deveria, citar vários outros
nomes que engrandeceram o uniforme RubroNegro, mas, penso que o mostrado até
aqui já lhe dá uma idéia do que nós consideramos ser uma zaga e um zagueiro.
Mais esta vitrine, o Grêmio Esportivo Brasil de
Pelotas, onde você recebeu a oportunidade de mostrar seu trabalho e enriquecer
seu currículo que, acredito que pela pouca idade, é bastante ralinho e provavelmente
não lhe leve, hoje, muito longe. Imagine você fazendo a trajetória do Silva,
quem sabe até mesmo a do Aluísio.
De todo modo, voltemos à vitrine. O Brasil, o nosso Brasil RubroNegro; Foi o primeiro campeão gaúcho, lá o inicio do século passado participou do que pode ser considerado o embrião do que veio a ser mais tarde, com formas e reformas, o campeonato brasileiro. O nosso Brasil jogou no estádio Centenário vencendo a seleção uruguaia, meses mais tarde campeã do Mundo. O Brasil realizou uma excursão, - inédita para clubes gaúchos e imagino poucos times no país já haviam feito igual -, jogando em países da América do Sul e Central. O Brasil, nosso Brasil RubroNegro, mais recentemente foi o terceiro lugar em um Campeonato Brasileiro onde enfrentou entre outros, Flamengo e Internacional. No Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas, trabalharam, e souberam aproveitar a vitrine, Luis Felipe Scolari e Mano Menezes, imagino que estes dispensam apresentações.
Enfim, a história é bem maior e bem mais rica, mas acredito que os recortes apresentados sejam suficientes para que eu possa atingir o objetivo que tenho. E o que busco é lhe fazer ver que nesta trajetória toda a começar pelos “negrinhos, pés de chinelos, da estação” até chegar aos “xavantes da baixada” o Brasil vai se transformando de um time com uma torcida em uma torcida com um time.
Nós sabemos o que somos. Nós somos a alma na geral do time em campo, nós somos os guerreiros guardiães dos ideais de nossos fundadores, nós somos o patrimônio maior deste clube. E nós conquistamos este grau de importância porque desde o inicio em 1911, bem antes de seu nascimento, estamos juntos com o Brasil, fazemos parte do esquadrão que segue avante.
Estamos juntos nas dificuldades
financeiras, ou equilibrando as finanças, isso permite, por exemplo, o seu
pagamento em dia. Ou há atraso?
Estamos presentes cuidando do patrimônio do
clube de modo a deixá-lo em condições, as melhores possível, para que se possa praticar
e desenvolver o futebol. Alguns acabam até por fazer mau uso disso, não importa
sabemos que devemos fazer este oferecimento.
Estamos presentes em qualquer lugar onde o
Xavante esteja jogando, e claro quanto mais próximo maior o nosso numero e
muito facilmente somos capazes de lotar o estádio do adversário.
Neste sentido, veja, nós sabemos o que somos,
aliás, você deveria ter buscado saber isso antes mesmo de decidir vir para cá,
ou não.
Aqui é pressão sim. Reforça esta afirmação o fato de durante algum tempo termos jogado em um panelão; agora na baixada gritamos avisando "bem vindos ao inferno é um tal de uh! Caldeirão! Uh! Caldeirão! Quer dizer, aqui ferve o tempo todo.
Isto, porque somos mal acostumados pela história que construímos seja pela qualidade de nossos jogadores; seja pela quantidade de vitórias conquistadas.
E você passando por um primeiro mau
momento, se mostrou não muito capaz de enfrentar a "Onda Xavante". Quer dizer talvez
tivesse sido melhor se você ao estourar a idade ao invés de continuar jogando, se
voltasse para os estudos em busca de uma profissão de menor cobrança, porque no
futebol é assim mesmo, ir bem é obrigação. Daí quem sabe ao chegar à idade sênior
poderia voltar ao futebol. Simples assim e sem cobrança.
André Ribeiro Dos Santos, aqui ninguém pergunta
o que achamos que somos. Todos sabem. Nós sabemos o que somos. Isto porque torcer
pelo Brasil, o nosso Brasil RubroNegro, é uma herança que recebemos de nossos avós e pais, e estamos legando aos nossos filhos e netos. Neste receber e passar
tomamos e damos ciência do compromisso que assumimos de trabalhar, fazendo o
esforço exigido dia após dia, para podermos ter em campo o nosso time, vestido
em vermelho e preto, as cores que representam “nosso sangue e nossa raça”, com “força
e vontade” e lógico “cheio de graça”, buscando dar ainda mais destaque ao nome
que já temos “gravado na história”. Por isso tudo, ademais, todos sabem que nós
somos a “maior e mais fiel torcida”
Aqui, portanto, os que chegam não perguntam o
que estes devem fazer é se apresentar e responder quem são, na prática, no campo de jogo,
na bola.
Vamos a mais uma parte; por tudo que lhe esta sendo exposto penso já ser possível a você perceber que “merda” nós não somos. Se você quiser disser melhor pode nos considerar, pelo alcunha que nos deram os rivais, em meados do século passado, e nos chamar Xavantes. É isso que somos Xavantes, selvagens, guerreiros, orgulhosos pela história já construída e pelo muito, que vislumbramos no porvir, ainda poderemos realizar.
Somos Xavantes.
Merecemos e exigimos respeito. Pronto lhe respondi.
Quanto à forma como você se referiu ao também jogador de futebol Alex Cintia Martins, e aqui já estamos em outra das partes, primeiro me pareceu ser a expressão de alguém inseguro no que diz respeito a sua própria capacidade; primeiro também até por ser mais grave, por se tratar de um seu colega de profissão a “fala” é totalmente desprovida de qualquer senso ético. Talvez por sua idade, talvez por estar ausente na aula, a vida ainda não lhe deu esta lição, mas, posso lhe adiantar, a ética deve referenciar e prevalecer em qualquer forma de relação entre os humanos. E segundo Alex Martins não é o melhor zagueiro do mundo, mas, de todo modo você ainda precisa acrescentar muito em sua carreira para conseguir conquistar o respeito profissional com o qual ele é visto.
Começando a última parte devemos considerar
a forma pueril que você usa para desafiar a torcida do Brasil. Sim, porque não
somos um. Nós, somos muitos. E no domingo já seremos mais. E estaremos todos no
estádio, menos por motivos lógicos os recém nascidos. Com certeza não por seu convite ou respondendo seu chamado, não precisamos
nem de um nem de outro e nem o consideramos com autoridade para fazer um ou
outro. Afinal a casa é nossa, da torcida Xavante, que a construiu e a mantêm, por
estes tempos inclusive para o mau uso. E claro, conversaremos como você deseja,
ou não.
E porque estando nós lá na geral pode haver dúvida sobre o bate papo? Respondo-lhe, pelo pouco que eu conheço do Brasil penso, e claro, pelo meu desejo muito, provavelmente você não estará no campo, e se por acaso você for chamado para o jogo, peça para não jogar. Até porque é muito pouco provavelmente que você consiga jogar.
Até aqui você se mostra não capaz de se impor em campo seja pela técnica seja pela personalidade. E a partir de agora você terá de convencer um estádio, uma torcida inteira, da sua “utilidade” mesmo que seja apenas para compor o grupo.
A vaia será imensa cada vez que você
pensar em ir numa bola, disputar uma jogada. E a cada chutão e a cada erro,
imagine o que será. Você é capaz de fazer frente?
De nossa parte, e em resumo, posso lhe dizer
que você foi testado e não foi aprovado.
Por aqui seu ano acabou muito dificilmente haverá uma possibilidade de
recuperação. Sua atitude em querer enfrentar a “Nação Xavante” é coisa de
moleque mal educado, ou, o que chamamos aqui de “guri vai na venda”. Acredite este
não é o perfil de jogador no qual confiamos e costumamos aplaudir.
O que resta então são uma sugestão e um desejo.
A sugestão é a de que você converse com a direção e busquem juntos uma forma de você ser liberado já.
O desejo é que você seja feliz onde quer que você consiga
seguir sua ainda muito pequena carreira.
Por derradeiro e infelizmente, ao encerrar, não
é possível lhe dizer ter sido um prazer lhe conhecer.
Atualizado a 00:53'
FONTE: DOM OBÁ
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