Segundo o Censo de 1991, em
34,5% dos municípios brasileiros residia pelo menos um indígena autodeclarado.
No Censo de 2000, esse percentual cresceu para 63,5% e, de acordo com o Censo
2010, chegou a 80,5% dos municípios brasileiros.
As 817 mil pessoas que se
autodeclararam indígenas no Censo 2010 representam 0,4% da população nacional.
Não foram alvo da pesquisa os povos indígenas brasileiros considerados “índios
isolados”, os quais, pela própria política de contato, não foram entrevistados.
Segundo o Censo 2010, dos 315
mil indígenas que residem nas áreas urbanas, a maior participação (33,7%) foi
encontrada na região Nordeste – superando o Sudeste, que era líder de
participação indígena urbana nos Censos de 1991 e 2000 – e entre os 502 mil
residentes das áreas rurais, a região Norte manteve a maior concentração
(48,6%).
Em 1991 e 2000, a categoria
“indígena” era investigada no quesito cor ou raça apenas na Amostra. No Censo
2010, o IBGE, pela primeira vez, investigou o contingente populacional indígena
dentro do quesito cor ou raça também no questionário básico, totalizando o
Universo de domicílios pesquisados. Além disso, o Censo 2010 introduziu
critérios adicionais, como o pertencimento étnico, a língua falada no domicílio
e a localização geográfica, que são critérios de identificação usados em Censos
de outros países. A divulgação das informações específicas do Censo 2010 para
as terras indígenas está prevista para julho de 2012.
Enquanto prepara essa
divulgação, o IBGE elaborou um documento especial e uma página em homenagem ao
Dia do Índio, com análises e dados comparativos dos Censos de 1991, 2000 e 2010
acerca da distribuição espacial da população que se autodeclarou indígena.
Em 2010, população
autodeclarada indígena no Brasil chegava a 817 mil
Segundo
o Censo 2010, 817 mil pessoas se autodeclararam indígenas, o que significou um
crescimento no período 2000/2010 de 11,4% (84 mil pessoas), bem menos
expressivo do que o do período 1991/2000, de aproximadamente 150% (440 mil
pessoas).
Mesmo
com evidências de que os povos indígenas estivessem experimentando crescimento
acelerado em função de altas taxas de fecundidade, os dados censitários de 2000
superaram as expectativas, com um ritmo de crescimento anual de 10,8% no
período 1991/2000. Esse fato reflete o aumento do número de pessoas que, em
1991, se identificaram em outras categorias e que, em 2000, passaram a se
identificar como indígenas.
Esse
fenômeno é conhecido como “etnogênese” ou “reetinização”: povos indígenas
reassumindo e recriando as suas tradições indígenas, após terem sido forçados a
esconder e a negar suas identidades tribais como estratégia de sobrevivência,
seja por pressões políticas, econômicas e religiosas, ou por terem sido
despojados de suas terras e estigmatizados em função dos seus costumes
tradicionais.
Os
resultados do Censo 2010 revelaram, em relação a 2000, um ritmo de crescimento
anual de 1,1% para a população indígena. Na área urbana, o incremento foi
negativo, correspondendo a uma redução de 68 mil pessoas, a maioria proveniente
da região Sudeste. As pessoas que deixaram de se classificar como indígenas na
área urbana podem não ter afinidade com seu povo de origem.
No período
2000/2010, o Acre teve um crescimento da população indígena de 7,1% ao ano,
seguido de Paraíba, com 6,6% ao ano, e Roraima, com 5,8% ao ano. O maior
declínio populacional relativo foi registrado no Rio de Janeiro: -7,8% ao ano,
correspondendo a cerca de 20 mil pessoas.
Nas
áreas urbanas, o declínio populacional atingiu a totalidade dos estados das
regiões Sudeste e Sul e também a região Centro-Oeste, com exceção de Mato
Grosso do Sul. Já na área rural o comportamento foi inverso, o crescimento foi
3,7% ao ano, destacando a elevada taxa de crescimento de 4,7% ao ano da região
Nordeste.
As
perdas populacionais de indígenas nas áreas urbanas foram significativas em 20
unidades da Federação, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas
Gerais. Nesses estados, o Censo 2000 revelou os maiores incrementos
populacionais em relação ao Censo de 1991.
Região Norte concentra
população indígena na área rural, Nordeste na área urbana
Na
análise da distribuição da população indígena autodeclarada entre as grandes
regiões do país, a região Norte se manteve na liderança nos Censos de 1991
(42,2%), 2000 (29,1%) e 2010 (37,4%). A região também se destacou na área
rural, com 50,5%, 47,6% e 48,6%, respectivamente. Já no segmento urbano, o
Sudeste concentrava 35,4% da população indígena em 1991 e 36,7% em 2000, mas o
Nordeste passou a ter o maior contingente de indígenas em domicílios urbanos em
2010, com 33,7%.
Em
números absolutos, a maior população indígena do país reside no Amazonas (168,7
mil pessoas, ou 20,6% da população indígena do país) e a menor no Rio Grande do
Norte (2,5 mil, ou 0,3%). Apenas seis unidades da Federação registraram, em
2010, mais que 1% de população autodeclarada indígena. Por outro lado, 13
unidades da Federação apresentaram percentuais de população indígena abaixo da
média nacional (0,4%).
Em 2010, cinco municípios
tinham mais de 10 mil indígenas
Os 10
municípios com maior contingente de população indígena, segundo o Censo 2010,
concentravam 126,6 mil indígenas, o que corresponde a 15,5% da população
indígena nacional. Desses, cinco municípios tinham mais de 10 mil indígenas
residentes, sendo quatro no Amazonas: São Gabriel da Cachoeira (29,0 mil), São
Paulo de Olivença (15,0 mil), Tabatinga (14,9 mil), Santa Isabel do Rio Negro
(10,9 mil). Além deles, entre as capitais, apenas São Paulo passou dessa marca,
com 13,0 mil indígenas.
Analisando-se a
área urbana, São Paulo tinha a maior população indígena (11,9 mil), seguido por
São Gabriel da Cachoeira (11,0 mil). Já na área rural, São Gabriel da Cachoeira
ficou em primeiro lugar, com 18,0 mil indígenas.
Em
termos de proporção da população indígena na população total dos municípios, o
maior percentual foi encontrado no município de Uiramutã (RR), 88,1%. Na área
urbana, o município de Marcação (PB) se destacou com 66,2% de população
indígena; na área rural, foi São Gabriel da Cachoeira, onde 95,5% dos
residentes nessa área são indígenas.
Censos aprimoraram formas de
identificação de indígenas ao longo dos anos
O
quesito da cor da população vem sendo levantado desde o primeiro recenseamento,
feito em 1872. Esse quesito foi incluído, também, nos Censos de 1890, 1940 até
1960 e, de 1980 até 2010. Nos Censos de 1940 e 1950, foi investigada a língua
falada para as pessoas que não falavam habitualmente o português no lar, e
assim, era possível quantificar os indígenas, que conservavam o uso da língua
nativa. Em 1960, a categoria “índio” foi incluída no quesito da cor, mas apenas
para os que viviam em aldeamentos ou postos indígenas.
No Censo
1991, o quesito passa a se autodenominar “cor ou raça”, com a introdução da
categoria “indígena”, investigada em âmbito nacional, dentro da Amostra,
procedimento que foi mantido em 2000. Já em 2010, o quesito passou a ser
investigado no Universo. Além disso, no Censo 2010 aprimorou-se a investigação
desse contingente populacional, introduzindo o pertencimento étnico, a língua
falada no domicílio e a localização geográfica, que são considerados critérios
de identificação de população indígenas nos Censos nacionais dos diversos
países.
O Censo
2010 permitirá ter um conhecimento da grande diversidade indígena existente no
Brasil e um melhor entendimento quanto à composição deste segmento
populacional, a saber: os povos indígenas residentes nas terras indígenas; os
indígenas urbanizados com pertencimento étnico a povos indígenas específicos e
pessoas que se classificaram genericamente como indígenas, mas que não têm
identificação com etnias específicas. A divulgação das informações do Censo
2010 referentes à língua falada dos indígenas e resultados para as terras
indígenas está prevista para julho de 2012.
FONTE: IBGE / Comunicação
Social 18 de abril de 2012
LEIA TAMBÉM: População de índios no Estado diminui 15% em uma década
http://aiyelujara.blogspot.com.br/2012/04/populacao-de-indios-no-estado-diminui.html
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