Numa manifestação de estudantes na
Africa do Sul, o exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas, e
ferindo outras 186. Este fato ficou conhecido como o “Massacre de Shaperville”.
Foi em memória a essa tragédia que o movimento negro exigiu da Organização das
Nações Unidas – ONU – instituiu o dia 21 de março o “Dia Internacional de Luta
pela Eliminação da Discriminação Racial” mundial . A intenção da Assembléia Geral da ONU, com esta Resolução 2142 (XXI),
de 26 de outubro de 1966, era a de instar a comunidade internacional a redobrar
seus esforços para eliminar todas as formas de discriminação racial.
Há cinquenta e três anos o mundo viu
dezenas de mulheres e crianças sucumbirem a tiros por policiais durante o
regime do apartheid, no bairro Shaperville, em Johannesburg , na capital da
África do Sul e esse fato se repete com as 34 mortes de Mineiros em Marikana .
Na Greve dos Mineiros na África do Sul no ano passado no governo da
CNA – Zuma, que nas decadas de 70 lutava contra o apartheid , hoje está do lado
da burguesia e os empresários ricos , e o Neoliberalismo americano contra os
trabalhadores que lutam por seus direitos, e contra o racismo. (reportagem
jornal G1)
As revoluções no Norte da Àfrica com
a prisão de vários ativistas, que pedem mudanças ao governo do Égito, e a
ofensiva imperialista USA e do Governo de Assad ao povo Sírio e israel aos
Palestinos é mais uma face desse racismo no mundo, com milhares de mortes, passando pelo Haiti desde 2010, que ainda
depois do terremoto que destruiu a Capital de Porto Principe, milhares de
trabalhadores em sua maioria mulheres negras estão dormindo em lona.
Outras formas de expressão do acordo
mundial de cortes de direitos e com o aumento da crise econômica a diminuição
do estado de bem estar social, está
levando os governos naciolistas aplicarem na Europa uma onde de xenofobia aos imigrantes com leis de restrições aos
africanos, e aumento ao desemprego, fim de aposentadorias, a criminalização de
africanos, e negros/as e indianos/as na França, Inglaterra, Alemanha e os
árabes, negros/as e latinos nos Estados
Unidos pelos parlamentares dos partidos de Republicanos e Democratas,
O governo de Obama, que tenta ser um governo
progressista reinaugura a luta contra o terrorismo no Oriente Médio contra o
Irã e o afeganistão e que assemelha a “era Bush” todo esse cenário agrava a condição
sócio-econômicas onde a dominação capitalista aprofunda do racismo
institucional no mundo . A ONU e a OMS diminuem seus orçamentos nos países do
terceiro mundo, e na Africa e pede as tropas militares Francesa do Governo social-democrata para
perseguir, criminalizar e invadir e
controlar povos como Tuaregs no senegal e Mali como povos representantes da
Al-Qaed de Bin Laden.
Essa ofensiva ideologica racial e
imperialista quer garantir a hegemonia militar, economica e cultural dos países
do G-7 onde o EUA tem um discurso de países que respeitam a liberdade ,
igualdade e mais tem a maior comunidade carcerária do planeta incluindo
Quantánamo como o simbolo da tortura e da violência racial e militar.
O processo do Racismo no mundo,
localizamos em uma ideologia dos governos neoliberais dos países dominantes,
que usam na gestão pública ações governamentais que excluem as populações
negras e imigrantes de suas ações de governo e se apropriam do racismo e como
forma de manutenção da parceria com o capital contra o trabalho para melhor
exploração e oprimição de um setor da
classe operária e proletária que estão na hierraquia do estado nos setores de
produção, de comércio e de serviços no sistema capitalista, e é conscientemente
pela discriminação dividir a classe
trabalhadora na sua luta pela emancipação social, ideologica e politica .
Os
setores da burguesia e dos banqueiros disputam ideologicamente a classe
trabalhadora negra, o máximo de tempo no trabalho aliena nossa classe
proletária, enquanto oprimido e explorado os padrões salariais são
diferentes pois a ideologia do racismo na sociedade do capital é que há
diferenças humanas etnicamente dizendo e de gênero, entre negros/as e branco/as
e homossexuais.
Somos inferiores e menos capazes num lugar social
que foi construido pelos governos e os patrões como inferior e subalterno na
sociedade de classes e com a crise do regime capitalista isso se
intensificou com as novas tecnologias neste século XXI sendo reservado aos
trabalhadores negros e negras os serviços domésticos, os mais insalubres e
perigosos nos setores da construção civil pesada, metalurgias e
mineração, transporte de cargas e comércio manufaturas e extração de
petróleo e siderurgias que levam a morte pelo trabalho indices recordes de
acidentes de trabalho e de mortes pelo falta de saúde preventiva aos
trabalhadores da construção civil .
Sendo abissal a divisão social e sexual do
trabalhador negro e do trabalhador branco no processo de trabalho, onde a
reestruturação produtiva resignificou o trabalho como os de baixa complexidade,
e alta complexidade quando incluem a informática diminuem os negros e
aumentam a exploração na mão de obra feminima e asiática no mundo, produzindo
uma diversificação étnicorracial, mas há um fio condutor de muita exploração e
opressão entre homens negros , mulheres e chineses neste processo de
neocolonização como ocorrem nos BRICS e na Ìndia .
A expansão do capitalismo em todo o mundo levou aos
estados mais pobres de as colônias e semi-colonias do capitalismo nos países do
Oriente médio aprofundou na fome e a miséria para 86% do povo árabe e regiões
da africa Negra com o endividamento da divida externa com o imperialismo.
Teorias “científicas” não explicam a
realidade
A expansão política/econômica européia, a partir do século XV, alicerçou
o maior crime contra a humanidade: a escravização africana. Milhões de homens e
mulheres foram retirados do continente africano e “distribuídos”, sobretudo,
para a América.
O cientificismo alimentou ferozmente a escravização africana, fornecendo
teorias valorativas que “explicavam” suposta superioridade ariana. No Brasil
essas formulações foram reiteradas por diversos intelectuais da elite
brasileira do século XIX. Hoje o Brasil, bem como os outros países da América,
já puseram fim, pelo menos oficialmente, à escravidão imposta há tempos atrás.
Mas até que ponto é possível considerar o Brasil um país livre? Como explicar a
exclusão socioeconômica da maioria da população negra no país? Nas palavras da
ativista e intelectual negra Lélia Gonzalez:
[...] O racismo, com articulação ideológica que toma corpo e se realiza
através de um conjunto de práticas [...], é um dos principais determinantes da
posição dos negros e não-brancos dentro das relações de produção e
distribuição. Uma vez que o racismo (de forma similar ao sexismo) transforma-se
numa parte da estrutura objetiva das relações ideológicas e políticas do
capitalismo, a reprodução da divisão racial (ou sexual) do trabalho pode ser explicada
sem apelar para elementos subjetivos como o preconceito .
O Brasil, constitucionalmente, é pautado nos princípios da igualdade; no
entanto, os dados dos institutos de pesquisa oficiais dão conta das
disparidades entre negros e não negros em diversos setores da sociedade e,
sobretudo, no que diz respeito ao mercado de trabalho.
Analisando os dados da última pesquisa do DIEESE sobre “a desigualdade
entre negros e não-negros no mercado de trabalho”, realizada na Região
Metropolitana de Salvador e publicada em 2008, observamos que apesar da modesta
expansão econômica da população negra ainda não se tem um quadro considerado
efetivamente inclusivo e/ou igualitário. Segundo os dados publicados quanto à
equidade social, vemos que:
Na Região Metropolitana de Salvador, o setor de Serviços, que responde
por quase 3/5 das oportunidades de inserção ocupacional, ocupou 57,8% dos
negros que possuíam trabalho e 68,2% dos não negros. Já no Comércio, cuja
participação na estrutura ocupacional foi calculada em 16,5%, a proporção de
ocupados negros (16,6%) supera a de não negros (15,7%). Na Indústria, por sua
vez, onde se verifica maior presença masculina e de empregos de melhor
qualidade, foi maior a presença relativa de pessoas não negras (10,4%) do que
de negras (8,9%).
É indelével a relação intrínseca entre inclusão socioeconômica e relação
racial, ao menos no Brasil, tendo em vista que a cidade escolhida na amostragem
é a capital que concentra o maior número de afrodescendentes do País, sendo
deste modo bastante ilustrativo para a análise de tais questões.
Embora saibamos que do ponto de vista biologizante o conceito de raça
não explique as distinções étnicas, não podemos negar que as especificades
fenotípicas, religiosas, alimentares, culturais... são fatores de diferenciação
e classificação social no mundo. Passando pela sociedade de castas na Índia,
pelos conflitos envolvendo o Oriente Médio, pelas guerras civis em diversos
países do continente africano e América, sobretudo, Latina. Está claro e não se
pode negar que o Haiti, por exemplo, vive hoje o saldo de ser um país
eminentemente negro e que resistiu a expansão branco-européia (Revolução do
Haiti, 1791-1825).
Esse “problema colonial” com a
França trouxe àquele país conseqüências que reverberam na atualidade á condição
da Ilha exilada politicamente da macro conjuntura mundial. Entretanto é nítida
também a presença do “Haiti” na realidade de tantos outros países da diáspora
africana no mundo, quer seja pelo exemplo de luta e resistência, quer seja por suas
similaridades sociais, culturais, econômicas e políticas.
Como diria Gilberto Gil e Caetano Veloso na canção “Haiti” ao falar da
chacina do presídio do Carandiru:
“111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos/Ou quase
pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres/E pobres são como podres e
todos sabem como se tratam os/pretos/E quando você for dar uma volta no
Caribe/E quando for trepar sem camisinha/E apresentar sua participação
inteligente no bloqueio a Cuba/Pense no Haiti, reze pelo Haiti O Haiti é aqui/O
Haiti não é aqui”
Tudo isso nos leva a pensar ainda mais sobre as ações institucionais da
UNO no Haiti e a estabelecer comparações entre as estratégias de combate da
polícia brasileira nas periferias do Brasil. Desta forma ficam evidentes as
similaridades entre o massacre na Cité Soleil, em 2006, no Haiti e as
intervenções militares com os caveirões nas favelas do Rio de Janeiro, para
ficar só neste exemplo.
Quanto de racismo temos por aqui...
ainda...
Apesar da evidencia histórica sobre a fragilidade da igualdade racial no
país há ainda quem afirme que o Brasil não pode ser considerado um país
racista, justo porque não há “evidências” de formação de grupos declaradamente
essencialistas, e que um país só é racista se houver grupos racistas. No
entanto ainda não há uma explicação tão palpável quanto a não presença de
indivíduos negros na fina elite (econômica e intelectual) brasileira.
Estas pessoas também não atendem ao que se convencionou como “boa aparência”
nos currículos das grandes empresas, e segundo os dados da controversa ONU,
divulgados no PNUD de 2005, quanto mais se avança rumo ao topo das hierarquias
de poder, mais a sociedade brasileira se torna branca. Isto remete ao que a
intelectual Lélia Gonzalez já chamava atenção na década de 80 do século
passado.
Racismo? No Brasil? Quem foi que disse? Isso é coisa de americano. Aqui
não tem diferença porque todo mundo é brasileiro acima de tudo, graças a Deus.
Preto aqui é bem tratado, tem o mesmo direito que a gente tem. Tanto é que,
quando se esforça, ele sobe na vida como qualquer um. Conheço um que é médico;
educadíssimo, culto, elegante com umas feições tão finas... Nem parece preto.
Embora tenha destacado como os fatores socioculturais refletem uma
conjuntura racializada, não acredito que a problemática social explique as
diferenciações étnicorraciais, por isso concordo com Beatriz do
Nascimento quando ela diz:
O preconceito quanto ao estudo das ideologias provoca, no pensamento das
camadas instruídas do país uma série de mal-entendidos que – com a aparência de
“aceitar” a “contribuição cultural” do negro – perpetuam o racismo, pois
fundamentalmente desconhecem quem são os “contribuintes” e, o que é pior, não
querem conhecer. Preferem muitos “teóricos” repetir obviamente que a origem da
discriminação está no aspecto socioeconômico que caracteriza a sociedade
brasileira. Insistem em não ver o preconceito racial como reflexo de uma
sociedade como um todo, ou seja, em todos os seus níveis, pois a ideologia,
onde repousa o preconceito, não está dissociada do nível econômico, ou do
jurídico-político; não está nem antes nem depois destes dois, também não está
em cima ou embaixo. A ideologia em suas formas faz parte integrante e está
acumulada numa determinada sociedade, juntamente com os outros dois níveis
estruturais.
Todo o debate a cerca da discriminação racial e o racismo no Brasil e no
mundo tem propiciado evidentes avanços para que alcancemos a real democracia no
sentindo mais amplo da palavra. Durban 2001 foi um marco histórico! A
sociedade brasileira caminha (e ainda tem muito a percorrer) na busca de
conhecer o passado, ler o que não foi escrito pela história oficial, rever o
que foi dito pelas academiais, entender a diáspora para redistribuir não só as
vagas nas universidades, não só o mercado de trabalho, não só o respeito à
diversidade religiosa, não só os dados estatísticos, mas sobretudo, para
construirmos uma sociedade em que os atos de intolerância não façam parte do
futuro das novas gerações brasileiras. Nós – a sociedade brasileira,
religiosos, intelectuais, políticos, homens e mulheres – precisamos buscar a
ampliação e a garantia dos direitos humanos fundamentais em nome dos princípios
básicos da igualdade e da democracia.
FONTE:CONLUTAS-CSP / Por Ires Brito Mestranda em Estudos Étnicos da Universidade Federal da Bahia
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