O vice-presidente da FIFA, Jeffrey Webb, falou após o fim da Assembleia Geral Anual da IFAB sobre sua nova função como diretor da Força-Tarefa Antirracismo da FIFA, definida na recente reunião do Comitê Estratégico da entidade que dirige o futebol mundial.
FIFA.com: Quais são a função e a esfera de ação dessa nova força-tarefa?
Jeffrey Webb: Existem dois elementos principais em meu ponto de vista. Primeiro, revisaremos as atuais punições por discriminação. Em segundo lugar está um processo educativo, no qual quero envolver os jogadores, a comunidade futebolística em geral e as ONGs.
Jeffrey Webb: Existem dois elementos principais em meu ponto de vista. Primeiro, revisaremos as atuais punições por discriminação. Em segundo lugar está um processo educativo, no qual quero envolver os jogadores, a comunidade futebolística em geral e as ONGs.
Você acredita que o mundo do futebol já fez o suficiente para combater o racismo em particular?O presidente Blatter disse no Comitê Estratégico que já estamos falando desses problemas há muito tempo, mas que agora precisamos olhar para isso novamente. Visivelmente os jogadores não receberam apoio suficiente e isso é chocante. Eles trabalham duro e este esporte é a vida deles, sua profissão. Precisamos fazer mais para apoiá-los.
Você mencionou as multas. Elas deveriam ser mais altas?As multas claramente não serviram como medida dissuasiva e não estão funcionando. Precisamos mobilizar os clubes, as federações afiliadas, algumas ONGs e grupos que realizam campanhas. Se houver infrações sucessivas, então será preciso aplicar punições. Não posso dizer o que faria se fosse um jogador insultado dentro de campo. Mas o que aconteceria se um jogador recebesse insultos na final da Copa do Mundo? Precisamos encontrar alguma solução.
Por que você acredita que o racismo venha ressurgindo no esporte em todo o planeta?Não sei. Mas não é por que o racismo existe na sociedade que devamos tolerá-lo. Como a família do futebol, precisamos sentar e nos olhar no espelho. Pessoas de cor de fato têm a chance ou a mesma oportunidade de se tornar treinadores ou assumir cargos administrativos no futebol? Quero ter a chance de conversar com os jogadores, pessoas que foram vítimas, e escutar suas experiências.
Quais são os próximos passos de sua força-tarefa?O plano é que propostas mais concretas sejam debatidas e formalizadas na reunião do Comitê Executivo entre 20 e 21 de março. Espero que a força-tarefa seja composta por representantes das seis confederações da FIFA e que também inclua alguns grupos que vêm fazendo campanhas para lutar pela erradicação da discriminação há muitos e muitos anos.
Tenho relações muito boas com a Federação Inglesa e em breve encontrarei seu presidente e o grupo de igualdade da instituição.
O clima no Comitê Estratégico era de que já basta. Temos de tentar chegar à raiz da existência de um comportamento como este. Conversando com diversas pessoas envolvidas neste esporte, espero que possamos possibilitar uma mudança, transformar esse comportamento e garantir que todo mundo tenha igualdade de oportunidades para participar do futebol em qualquer nível.
FONTE: FIFA.COM
Zambi comenta sobre o ato de racismo em Ijuí no jogo entre
São Luiz e Caxias
São Luiz e Caxias protagonizaram um grande jogo, sábado, em Ijuí, com bela vitória dos donos da casa por 2 a 1 na semifinal da Taça Piratini. Só que ficou uma mancha na classificação inédita do São Luiz à final. Não do clube ou da cidade, mas de um torcedor. Assim como já ocorreu nos estádios de Caxias do Sul e Porto Alegre em outros Gauchões, agora o ato de racismo surgiu no 19 de Outubro. A vítima foi o atacante Zambi, um dos destaques do primeiro turno do Estadual.
— Me chamaram de macaco mais de uma vez. Eu olhei para a torcida e disse que não precisava disso porque no time deles também tinha jogadores negros. Eu tenho orgulho de ser negro. Foi um fato lamentável em meio a uma festa bonita e de um jogo bem jogado — discursou Zambi, chateado pela situação.
O fato ocorreu no segundo tempo, nas arquibancadas que ficam do lado oposto das sociais, e coincidiu com a queda de produtividade do atacante. Natural de Itaperuna (RJ), Zambi fez questão de dizer que nunca ouviu coisa parecida no Rio de Janeiro nos tempos de Nova Iguaçu, Volta Redonda, Americano, Friburguense e Macaé:
— Joguei em vários lugares e nunca aconteceu isso comigo. Nós somos todos iguais, independentemente de cor ou religião. Isso tem de servir de aprendizado para eles porque outros times vão jogar aqui com pessoas da minha cor. No time deles tem pessoas negras. O que eles são diferentes de mim?
Como não foi possível identificar o torcedor racista, o jogador de 25 anos não prestou queixas na polícia. O árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima chegou a paralisar o jogo por uns dois ou três minutos.
— O Jean Pierre veio falar comigo, me apoiou, foi na mesa da Federação. Mas ele falou que não poderia fazer nada porque foi um ato isolado e que iria relatar na súmula. Ele foi atencioso e coerente, quero até dar os parabéns para ele —elogiou o atacante.
Após a partida, o árbitro falou sobre o caso, explicou como tudo aconteceu e disse que já passou por essa situação em outro jogo:
— O Zambi veio até mim e relatou o fato, disse que estavam ofendendo ele. Perguntei pelo rádio se alguém da arbitragem tinha escutado alguma coisa, principalmente o assistente que estava daquele lado. Mas o assistente não pôde me confirmar nada. Não consegui identificar o torcedor, só pedi para uma pessoa do clube que tomasse alguma providência. Em outro fato ocorrido no passado, eu consegui identificar o torcedor e relatei tudo. Se eu tivesse visto agora, faria a mesma coisa.
Na súmula, Jean Pierre revelou que não vai ignorar o fato.
— Vou colocar que foi uma conduta regular da torcida, mas que em determinado momento ela ofendeu o atleta, tudo de acordo com a informação que ele próprio passou para mim.
FONTE: O PIONEIRO
TJD-RS decide denunciar São Luiz por racismo
e clube pode ser suspenso
O procurador-geral do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul, Alberto Lopes Franco, irá denunciar na próxima quarta-feira o São Luiz, de Ijuí, pelo ato racista praticado pela torcida do clube contra o atacante Zambi, do Caxias, no último sábado. A decisão leva em conta o depoimento do árbitro Jean Pierre Gonçalves Lima na súmula da partida válida pela semifinal do primeiro turno do Gauchão.
“Em determinado momento do segundo tempo, o atleta da SER Caxias Sr. Zambi dos Santos Oliveira, nº 11, informou-me que alguns torcedores o estavam ofendendo com a palavra “macaco”. Neste momento, informei ao 4º árbitro e ao delegado do jogo que verificassem essa informação e que se observassem algo deste tipo eu paralisaria a partida até identificar os supostos ofensores. A partir desse momento, a partida seguiu normalmente sem maiores problemas”, relatou Lima.
O procurador irá convocar Zambi e um repórter de uma rádio de Porto Alegre que acompanhou o episódio para depor no julgamento, que deve ocorrer após a final do primeiro turno no próximo domingo. O São Luiz será indiciado e julgado de acordo com o artigo 243-G, do CBJD, praticar ato discriminatório, desdenhoso ou ultrajante, relacionado a preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência.
Como o responsável pelo ato racista não foi identificado, o clube será responsabilizado. Neste caso, corre o risco de ser punido com multa entre R$ 100 e R$ 100.000, suspensão de 120 a 360 dias ou de cinco a 10 dias, dependendo do julgamento dos auditores do TJD/RS.
“[A pena] Isso quem tem considerar são os auditores. O que não vale é fazer a identificação de um ‘laranja’. Isso não serve. A identificação tem que ser feita no momento do fato e isso não consta na súmula”, declarou o procurador.
O presidente do São Luiz, Ricardo Miron, lamentou o fato ocorrido no último domingo e garantiu que pretende denunciar o torcedor que praticou o ato assim que ele for identificado.
“Essa é uma situação muito chata. Todo e qualquer clube, inclusivo o São Luiz-RS, abomina esse tipo de atitude. Quando nós tomamos conhecimento através da arbitragem que havia ocorrido esse caso de racismo contra o atacante do Caxias, nós tomamos providência e tentamos identificar, mas no meio da multidão ficou difícil. No momento que o clube identificar essa pessoa, certamente, será conduzido a uma delegacia de polícia para responder por uma injúria qualificada. Essa é a atitude que vamos tomar”, declarou Miron.
No dia 9 de fevereiro, o Juventude analisou as imagens do jogo contra o Grêmio quando um suposto torcedor do time da Capital teria ofendido o atacante Zulu utilizando a expressão “macaco”. Porém, após uma análise do departamento jurídico, o time de Caxias do Sul desistiu da ação.
FONTE: BOL/UOL
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