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domingo, abril 21, 2013

Veja frases do júri que condenou 23 PMs pelo massacre do Carandiru









Réus foram condenados a 156 anos de prisão, mas podem recorrer livres.
Júri terminou na madrugada de domingo (21) no Fórum da Barra Funda. 

Veja abaixo as principais frases de sobreviventes, réus e dos profissionais que participaram do júri:

Ex-detento Antonio Carlos Dias
“Tivemos que escalar os corpos para sair do segundo andar e chegar ao pátio. Se caíssemos sobre os corpos, os PMs atiravam e matavam."
"A gente só ouvia barulho de metralhadora." 
"Não foi uma simples invasão, eles entraram atirando e matando."
Ex-detento Marco Antônio de Moura
"Fingi-me de morto quando vi policiais efetuando disparos de metralhadora."" Próximo da gaiola, tinha um policial. Ele contava: um, dois. No terceiro ele dava uma marretada. Esse cara matou muita gente no poço do elevador, a marretadas. Eles faziam os cachorros morderem a gente." 
"Um policial disse: quem está ferido, erga a mão. Parece que um anjo disse para eu não fazer isso. Quem levantava a mão era levado e nunca mais foi visto."
“O cara (policial) pôs a metralhadora na cela e disparou. Na minha cela, tinha uns 30, acertou uns 10, morreram uns 8.”

Moacir do Santos, diretor da divisão de segurança e disciplina do Carandiru
"Os policiais diziam: Deus cria, a Rota mata e viva o Choque."
 "Os presos que ajudavam a levar os corpos eram fuzilados também. As escadas descendo sangue e água parecendo uma cascata." 
"Após a abertura do portão não teve a negociação combinada. Entrou toda a tropa já atirando, gritos de guerra, inclusive o comandante." 
"Logo que a polícia entrou, eles metralharam aqueles presos que estavam se rendendo e eles iam cair praticamento no pé da gente. Eles já não deixavam a gente socorrer. Ameaçaram até a gente também".
Perito criminal Osvaldo Negrini Neto
"O local já havia sido lavado. As celas já estavam reorganizadas. Mas a única coisa que não conseguiram modificar foram os vestígios de tiro nas paredes das celas. Ficou claro para mim que não queriam que fosse feita a perícia." 
"Os presos foram acoados e executados dentro das suas próprias celas sem chance de defesa, porque eles não estavam armados. Não havia qualquer vestígio de tiro contra os policiais."
Desembargador Fernando Antonio Torres Garcia
"É evidente que a situação era crítica e que havia a necessidade de a polícia dominar, mas daí terminar em 111 mortos não há nexo."

Ex-governador Antônio Fleury Filho
"O que me foi dito é que tão logo o coronel Ubiratan entrou, ele foi atingido por um tubo de televisão e teria desmaiado. E isso teria causado comoção na tropa."
"O que aconteceu, o que digo sempre, é que a ordem para entrada foi absolutamente necessária e legítima. (...) Já existiam pessoas que estavam umas matando as outras. A Polícia não pode se omitir."
"Os homens passam e a corporação fica", afirmou.“É bom lembrar as circunstâncias: final de tarde, escuro, chuva. Já havia incêndio, presos mortos entre si. A entrada foi legítima. O que aconteceu lá dentro... É por isso que nós estamos aqui."
Ex-secretário de Segurança Pública Pedro Franco de Campos.
"A necessidade de entrada da PM era absolutamente incontestável."
“Havendo a necessidade de entrar, o senhor pode entrar.”
“Se tivesse a mesma situação, eu teria o mesmo procedimento."
Sargento Marco Antonio de Medeiro
“Fiz uso de metralhadora. O tiro de rajada não tem condição nenhuma de dar tiro útil. haveria perda enorme de tiros, risco para as pessoas."

Soldado Marcos Ricardo Polinato
“Quando a gente entrou, havia muita fumaça. A gente conseguia ver alguns vultos, um clarão. Muita gritaria e estampidos."
Promotor Márcio Friggi
"Foram 254 tiros no tronco, 126 na cabeça e 135 nos membros. Um total de 515 disparos, ou média de 5 para cada vítima. A conclusão do laudo sugere a intencionalidade dos PMs em produzir o resultado morte."
"Os PMs alegam que a visibilidade era mínima. Então, como é que eles encontraram armas e munições no chão? É o mistério das 13 armas"
"Sou fã de carteirinha da Polícia Militar. Meu problema são os maus policiais"
Advogada de defesa
“Senta aqui [no plenário] o ex-governador que diz: eu estava em Sorocaba. Fazendo o que mesmo? Política, era véspera de eleição. O meu governo foi incompetente. O número de mortes só foi anunciado 5 minutos após fecharem a última urna” 
"Da forma como foi feita a denúncia, cada policial vai responder pelas 15 mortes
, o que me faz crer que cada preso morreu 15 vezes"
“Está na mão de cada um dos senhores saber que polícia vocês querem na rua.”

FONTE: Do G1 São Paulo / Com reportagem de Tatiana Santiago, Roney Domingos, Julia Basso Viana, Nathália Duarte e Kleber Tomaz)

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