O PT aposta que "o fim da miséria é só o começo", mas Campos propõe "fazer mais"
A presidente Dilma Roussef quer "fazer cada vez mais e melhor". Eduardo Campos "mais e bem feito". Aécio Neves "diferente e melhor".
Marina Silva— ainda focada na criação de um partido — segue a linha de Aécio, mas com o tom verde sustentável.
Cada vez mais distante do PT, o governador pernambucano Eduardo Campos (PSB) lançou a onda do "fazer mais" na corrida presidencial. Sem se declarar candidato, ele evita rupturas bruscas. Promete manter os avanços de Lula e Dilma, mas vai usar soluções em saúde, educação, emprego e infraestrutura de Pernambuco como vitrine de seu perfil de gestor eficiente.
— Pernambuco hoje é modelo para o Brasil — destaca o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos articuladores da campanha.
Marqueteiro de confiança de Campos, o argentino Diego Brandy pode ganhar a companhia de Duda Mendonça, guru da primeira eleição de Lula. Os dois tentarão aproximar o candidato das classes C e D, reduto petista, mesmo desafio vivido por Aécio.
Na quinta-feira, o mineiro participou do Programa do Ratinho, no SBT. Na internet, a página Conversa com os Brasileiros, criada pelo publicitário Renato Pereira, traz vídeos na tentativa de mostrar um Aécio simples, disposto a discutir o preço do tomate com o eleitor. O tucano apresenta o PSDB como pai dos programas de transferência de renda e do Plano Real, além de explorar "bem-sucedidas privatizações" e o temor da volta da inflação, definido no slogan "País rico é país sem inflação".
Já Marina Silva manterá a toada verde e ética que lhe rendeu 20 milhões de votos em 2010. Contudo, precisa ir além da ecopolítica e do eleitor evangélico. Antes, corre para formalizar seu novo partido, a Rede. Busca 500 mil assinaturas até setembro.
Alvo dos concorrentes, Dilma não mudará a estratégia para dar ao PT o quarto mandato. Vai centrar a campanha em programas como Bolsa Família. Mas o discurso irá além.
O raciocínio está no jargão cunhado pelo marqueteiro João Santana: "o fim da miséria é só o começo". Responsável pelas campanhas vitoriosas de 2006 e de 2010, ele esboça uma presidente maternal, zelosa pelo Brasil. A Dilma rígida, que protege a economia, é vigilante do orçamento doméstico, beneficiado pelas reduções da conta de luz e dos juros bancários.
NO AQUECIMENTO
Veja as principais bandeiras que serão erguidas pelos quatro prováveis candidatos ao Palácio do Planalto na eleição do ano que vem
Aécio Neves (PSDB)
Senador por Minas Gerais
Controle da inflação e crescimento econômico
O PSDB vai se apresentar como o partido que criou o Plano Real, ponto de partida para a estabilidade econômica que o Brasil vivencia. A sigla criticará o pequeno crescimento do PIB do país e a ameaça do retorno da inflação. Dirá que é capaz de resolver os dois problemas.
Gestão e paternidade dos programas sociais
Aécio usará a gestão baseada na meritocracia, implementada em Minas, como contraponto ao inchaço da máquina, em especial nos ministérios. O PSDB tentará convencer o eleitor de que os programas de transferência de renda nasceram no governo tucano e que serão mantidos.
Dilma Rousseff (PT)
Presidente da República
Fim da miséria e distribuição de renda
Marca do governo petista, o tema será o carro-chefe da campanha, em cima da popularidade de programas como Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida. Dilma mostrará que o PT assumiu e cumpriu o compromisso de tirar milhões de brasileiros da pobreza extrema.
Foco no aumento da competitividade do país
Dilma vai explorar a imagem de gestora que trabalha para baratear e qualificar a produção do país. Destacará a redução da tarifa de energia, desonerações, juro baixo, crédito facilitado e obras do PAC. Os planos de portos, ferrovias e aeroportos também ganharão espaço.
Eduardo Campos (PSB)
Governador de Pernambuco
Desconcentrar receitas e competências
Campos defende uma revisão do pacto federativo. Vai mostrar que os municípios e Estados enfrentam uma longa burocracia para receber recursos, concentrados na União, dificuldade que reduz a qualidade de serviços básicos nas cidades, como saúde, educação e segurança.
Gestão qualificada e melhoria da infraestrutura
Pernambuco será vitrine. Campos apresentará o corte de gastos e o monitoramento semanal de índices de saúde e educação. Pretende explorar a falta de ferrovias no país, a necessidade de investir em infraestrutura, formas de ampliar a economia e aprimorar os programas sociais.
Marina Silva
Ex-senadora pelo Acre
Desenvolvimento sustentável
Marina seguirá na toada de repensar o Brasil, que deu certo na campanha de 2010. A Rede, sigla que ela tenta criar, vai propor uma plataforma política sustentável, disposta a casar educação, geração e distribuição de renda com a preservação de recursos naturais.
Política mais transparente e participativa
A Rede vai reforçar a necessidade de repensar o funcionamento dos partidos, além do financiamento das campanhas eleitorais. Frisa que as siglas se tornaram projetos de poder e não de desenvolvimento. Marina focará a necessidade de debater políticas com a sociedade.
FONTE: ZERO HORA - BRASÍLIA
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