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terça-feira, maio 13, 2014

“A solidariedade na Europa ainda não morreu, por muito que nos digam o contrário”










Durante um comício em Tomar, que contou com a participação musical de Carlos Mendes, Marisa Matias frisou que o programa defendido pelo Bloco em conjunto com outras forças europeias quer “colocar o trabalho no centro da política em vez da chantagem financeira”. A cabeça de lista do Bloco lamentou ainda o facto de o Governo não querer informar “todos aqueles que obrigou a emigrar sobre o seu direito de voto”, lembrando que estes cidadãos podem votar antecipadamente esta terça, quarta e quinta feira.

A dirigente bloquista lembrou que não existiu uma única campanha do Governo que visasse dizer aos portugueses e às portuguesas que foram obrigados a emigrar - mais de 300 mil - “que podem e devem votar”.
“Nós percebemos muito bem por que razão o Governo não quer informar todos aqueles que obrigou a emigrar sobre o seu direito de voto”, sublinhou Marisa Matias, apelando para que “não desistam de votar, não desistam do vosso país mesmo que o vosso Governo tenha desistido de vós”.
Perante uma sala repleta de centenas de pessoas, a dirigente bloquista esclareceu que esta terça, quarta e quinta feira, “todas as pessoas que estão deslocadas em trabalho na União Europeia e que ainda não têm residência no país onde foram acolhidas, mantendo, portanto, a residência em Portugal, podem votar antecipadamente”. Para isso, basta “dirigirem-se às embaixadas, aos consulados ou às delegações dos ministérios que existem nos locais onde vivem” e indicar o nome e o número de eleitor, bem como apresentar um comprovativo do impedimento de comparecer na assembleia de voto em Portugal no dia da eleição, acrescentou a cabeça de lista do Bloco de Esquerda.
A austeridade tem “várias mães e vários pais”
Lembrando que, no domingo, o ex conselheiro económico de Durão Barroso, “agora arrependido”, veio dizer que “a austeridade não resolvia nada e que o programa foi apenas desenhado e desenvolvido para salvar a banca alemã”, e que esta segunda feira, “quase numa espécie de reação, a senhora Merkel veio afirmar que, na realidade, a austeridade não foi uma invenção da Alemanha sendo, isso sim, culpa de Durão Barroso”, Marisa Matias frisou que “a austeridade não é de geração espontânea, não é uma coisa que apareceu”.
Ela tem várias mães e vários pais”, avançou, salientando que “há culpados pelas políticas aplicadas nos últimos anos, e por esta obsessão com as políticas de austeridade, e esses culpados chamam-se Pedro Passos Coelho, Paulo Portas, Angela Merkel, Durão Barroso...”.
A dirigente bloquista reforçou a ideia de que o Bloco defende “a reestruturação da dívida como forma de libertar recursos para criar emprego e crescimento”, de “acabar com a chantagem e o medo” e “repor a dignidade”, bem com um referendo ao Tratado Orçamental, para que as pessoas se possam pronunciar e dizer se querem mais 20 ou 30 anos de austeridade.
Segundo Marisa Matias, o Bloco defende um programa conjunto com outras forças europeias - Syriza da Grécia, Front de Gauche de França, Izquierda Unida de Espanha, Die Linke da Alemanha - “que quer colocar o trabalho no centro da política em vez da chantagem financeira”. “Um programa solidário, porque a solidariedade na Europa ainda não morreu, por muito que nos digam o contrário”, destacou.
A cabeça de lista do Bloco às eleições europeias falou ainda sobre a importância do apoio à candidatura de Alexis Tsipras. “Entendemos que a voz de esquerda nestas eleições no combate pela liderança da Comissão Europeia não é a voz de Martin Schulz, que é a voz da coligação de governo na Alemanha entre o SPD e a CDU da senhora Merkel. A voz da esquerda é de Alexis Tsipras e da solidariedade com a Grécia. Poderemos vir a ter uma situação em que teremos à volta da mesma mesa nas reuniões do Conselho Pedro Passos Coelho, Angela Merkel e Alexis Tsipras e aí sim, sabemos que temos um primeiro ministro que nos defende: o grego”, avançou Marisa Matias.
Frisando que a Europa pela qual nos combatemos é “uma Europa que não só recusa a chantagem neoliberal mas também a chantagem do conservadorismo, que ataca os direitos das mulheres em vários países da Europa e que tem uma retórica xenófoba e racista”, a dirigente bloquista frisou que “é preciso desobedecer à Europa da austeridade!”
Referindo-se às “pequenas divergências” entre os representantes do PS e do PSD sobre o que vai a votos no dia 25 de maio - se o Governo de Passos Coelho ou o Governo de José Sócrates – o coordenador nacional do Bloco de Esquerda adiantou que “é aqui que se esconde a grande convergência em que PSD e PS estão interessados para continuar a política de austeridade”.
Segundo João Semedo, o que vai a votos nas eleições europeias “é a política de Pedro Passos Coelho mas, mais do que isso, é a política da troika, a política da austeridade”.
 “A austeridade é defeito, mas mais do que defeito, é feitio de Paulo Portas e Passos Coelho”, avançou o dirigente bloquista.
João Semedo afirmou ainda que o Governo PSD/CDS-PP se suporta “na mentira, na chantagem e no abuso”, dando como exemplo a garantia do primeiro ministro de que não iria aumentar impostos, a pressão exercida sobre o Tribunal Constitucional e a realização de um Conselho de Ministros durante a campanha eleitoral.
 “O facto de eu estar aqui, sendo uma mulher jovem, luso palestiniana, filha de refugiados palestinianos, significa que qualquer pessoa pode e deve ter voz neste país”, frisou a candidata do Bloco de Esquerda Shahd Wadhi durante a sua intervenção.
Shahd Wadhi fez questão de referir que “a solidariedade internacional não é uma coisa morta” e que “a solidariedade de Miguel Portas ainda está viva e de pé”.
Elogiando o compromisso do Bloco com os palestinianos, a candidata bloquista afirmou ainda que Miguel Portas, Marisa Matias e Alda Sousa são “três nomes inseparáveis da causa palestiniana”.
Segundo Shahd Wadhi, Portugal encontra-se cercado por “muros de austeridade que bloqueiam as nossas vidas” e é vítima do exílio, que se chama emigração forçada. “Como a Palestina precisa da nossa resistência, também Portugal precisa da nossa resistência para que possa ter a sua Primavera”, avançou, frisando que “precisamos de uma intifada contra esta austeridade”.
A liberdade não pode ser adiada nem por um segundo, seja a liberdade da Palestina perante a ocupação israelita, a liberdade de Portugal desta austeridade, ou a liberdade da Europa face a todas as injustiças e a todos os muros”, rematou Shahd Wadhi.
A deputada do Bloco Helena Pinto lembrou que o Governo quer diminuir os salários atacando a contratação coletiva, sublinhando que, “em defesa dos trabalhadores e das trabalhadoras, o Bloco diz: presente!”. “E a partir desta cidade onde nasceu a primeira central sindical diremos: "não passarão!", acrescentou a dirigente bloquista.
Segundo Helena Pinto, o Bloco de Esquerda “não deixa ninguém para trás”.
Já o dirigente local, Carlos Matias, lembrou que toda a zona de Santarém na qual se insere Tomar “tem sido vítima de uma forma agravada da política europeia, que tem sido a política protagonizada e trazida pelo Governo da maioria PSD/CDS-PP. “Tudo o que a política de austeridade trouxe de mau para o país caiu aqui no norte do distrito de Santarém de uma forma agravada, nomeadamente através da desindustrialização”, lamentou Carlos Matias.
Referindo o recuo nos serviços públicos, quer em número quer em qualidade, o dirigente bloquista lembrou também que “a política europeia e de austeridade duplicou o número de desempregados no concelho de Tomar”.
FONTE: ESQUERDA NET

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