Durante um comício em Tomar, que contou com a
participação musical de Carlos Mendes, Marisa Matias frisou que o programa
defendido pelo Bloco em conjunto com outras forças europeias quer “colocar o trabalho no centro da política
em vez da chantagem financeira”. A cabeça de lista do Bloco lamentou ainda
o facto de o Governo não querer informar “todos aqueles que obrigou a emigrar
sobre o seu direito de voto”, lembrando que estes cidadãos podem votar
antecipadamente esta terça, quarta e quinta feira.
A dirigente bloquista lembrou que não existiu uma
única campanha do Governo que visasse dizer aos portugueses e às portuguesas
que foram obrigados a emigrar - mais de 300 mil - “que podem e devem votar”.
“Nós percebemos muito bem por que razão o Governo
não quer informar todos aqueles que obrigou a emigrar sobre o seu direito de
voto”, sublinhou Marisa Matias, apelando para que “não desistam de votar, não desistam do vosso país mesmo que o vosso
Governo tenha desistido de vós”.
Perante uma sala repleta de centenas de pessoas, a
dirigente bloquista esclareceu que esta terça, quarta e quinta feira, “todas as pessoas que estão deslocadas em
trabalho na União Europeia e que ainda não têm residência no país onde foram
acolhidas, mantendo, portanto, a residência em Portugal, podem votar
antecipadamente”. Para isso, basta “dirigirem-se às embaixadas, aos
consulados ou às delegações dos ministérios que existem nos locais onde vivem”
e indicar o nome e o número de eleitor, bem como apresentar um comprovativo do
impedimento de comparecer na assembleia de voto em Portugal no dia da eleição,
acrescentou a cabeça de lista do Bloco de Esquerda.
A austeridade tem “várias mães e vários pais”
Lembrando que, no domingo, o ex conselheiro
económico de Durão Barroso, “agora arrependido”, veio dizer que “a austeridade não resolvia nada e que o
programa foi apenas desenhado e desenvolvido para salvar a banca alemã”, e
que esta segunda feira, “quase numa espécie de reação, a senhora Merkel veio
afirmar que, na realidade, a austeridade não foi uma invenção da Alemanha
sendo, isso sim, culpa de Durão Barroso”, Marisa Matias frisou que “a
austeridade não é de geração espontânea, não é uma coisa que apareceu”.
Ela tem várias mães e vários pais”, avançou,
salientando que “há culpados pelas
políticas aplicadas nos últimos anos, e por esta obsessão com as políticas de
austeridade, e esses culpados chamam-se Pedro Passos Coelho, Paulo Portas,
Angela Merkel, Durão Barroso...”.
A dirigente bloquista reforçou a ideia de que o
Bloco defende “a reestruturação da
dívida como forma de libertar recursos para criar emprego e crescimento”,
de “acabar com a chantagem e o medo” e “repor a dignidade”, bem com um referendo
ao Tratado Orçamental, para que as pessoas se possam pronunciar e dizer se
querem mais 20 ou 30 anos de austeridade.
Segundo Marisa Matias, o Bloco defende um programa conjunto com outras forças europeias - Syriza da Grécia, Front de Gauche de França, Izquierda
Unida de Espanha, Die Linke da
Alemanha - “que quer colocar o trabalho no centro da política em vez da
chantagem financeira”. “Um programa
solidário, porque a solidariedade na Europa ainda não morreu, por muito que nos
digam o contrário”, destacou.
A cabeça de lista do Bloco às eleições europeias
falou ainda sobre a importância do apoio à candidatura de Alexis Tsipras.
“Entendemos que a voz de esquerda nestas eleições no combate pela liderança da
Comissão Europeia não é a voz de Martin Schulz, que é a voz da coligação de
governo na Alemanha entre o SPD e a CDU da senhora Merkel. A voz da esquerda é de Alexis Tsipras e da solidariedade com a Grécia.
Poderemos vir a ter uma situação em que teremos à volta da mesma mesa nas
reuniões do Conselho Pedro Passos Coelho, Angela Merkel e Alexis Tsipras e aí
sim, sabemos que temos um primeiro ministro que nos defende: o grego”, avançou
Marisa Matias.
Frisando que a Europa pela qual nos combatemos é “uma Europa que não só recusa a chantagem
neoliberal mas também a chantagem do conservadorismo, que ataca os direitos das
mulheres em vários países da Europa e que tem uma retórica xenófoba e racista”,
a dirigente bloquista frisou que “é preciso desobedecer à Europa da
austeridade!”
Referindo-se às “pequenas divergências” entre os
representantes do PS e do PSD sobre o que vai a votos no dia 25 de maio - se o
Governo de Passos Coelho ou o Governo de José Sócrates – o coordenador nacional
do Bloco de Esquerda adiantou que “é aqui que se esconde a grande convergência
em que PSD e PS estão interessados para continuar a política de austeridade”.
Segundo João Semedo, o que vai a votos nas eleições
europeias “é a política de Pedro Passos
Coelho mas, mais do que isso, é a política da troika, a política da
austeridade”.
“A
austeridade é defeito, mas mais do que defeito, é feitio de Paulo Portas e
Passos Coelho”, avançou o dirigente bloquista.
João Semedo afirmou ainda que o Governo PSD/CDS-PP
se suporta “na mentira, na chantagem e no abuso”, dando como exemplo a garantia
do primeiro ministro de que não iria aumentar impostos, a pressão exercida
sobre o Tribunal Constitucional e a realização de um Conselho de Ministros
durante a campanha eleitoral.
“O facto de
eu estar aqui, sendo uma mulher jovem, luso palestiniana, filha de refugiados
palestinianos, significa que qualquer pessoa pode e deve ter voz neste país”,
frisou a candidata do Bloco de Esquerda Shahd Wadhi durante a sua
intervenção.
Shahd Wadhi fez questão de referir que “a solidariedade internacional não é uma
coisa morta” e que “a solidariedade de Miguel Portas ainda está viva e de
pé”.
Elogiando o compromisso do Bloco com os
palestinianos, a candidata bloquista afirmou ainda que Miguel Portas, Marisa
Matias e Alda Sousa são “três nomes inseparáveis da causa palestiniana”.
Segundo Shahd Wadhi, Portugal encontra-se
cercado por “muros de austeridade que bloqueiam as nossas vidas” e é vítima do
exílio, que se chama emigração forçada. “Como
a Palestina precisa da nossa resistência, também Portugal precisa da nossa
resistência para que possa ter a sua Primavera”, avançou, frisando que
“precisamos de uma intifada contra esta austeridade”.
“A liberdade
não pode ser adiada nem por um segundo, seja a liberdade da Palestina
perante a ocupação israelita, a liberdade de Portugal desta austeridade, ou a
liberdade da Europa face a todas as injustiças e a todos os muros”, rematou
Shahd Wadhi.
A deputada do Bloco Helena Pinto lembrou que
o Governo quer diminuir os salários atacando a contratação coletiva,
sublinhando que, “em defesa dos trabalhadores
e das trabalhadoras, o Bloco diz: presente!”. “E a partir desta cidade onde
nasceu a primeira central sindical diremos:
"não passarão!", acrescentou a dirigente bloquista.
Segundo Helena Pinto, o Bloco de Esquerda “não deixa ninguém para trás”.
Já o dirigente local, Carlos
Matias, lembrou que toda a zona de Santarém na qual se insere Tomar
“tem sido vítima de uma forma agravada da política europeia, que tem sido a
política protagonizada e trazida pelo Governo da maioria PSD/CDS-PP. “Tudo o que a política de austeridade
trouxe de mau para o país caiu aqui no norte do distrito de Santarém de uma
forma agravada, nomeadamente através da desindustrialização”, lamentou
Carlos Matias.
Referindo o recuo nos serviços públicos, quer em
número quer em qualidade, o dirigente bloquista lembrou também que “a política
europeia e de austeridade duplicou o número de desempregados no concelho de
Tomar”.
FONTE: ESQUERDA NET
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