Kroton
e Anhanguera recebem sinal verde para criar grupo de R$ 22 bi
Cade
fez restrições à negociação entre as empresas de educação
As
empresas de educação Kroton e Anhanguera receberam aprovação governamental
nesta quarta-feira para criarem uma gigante com valor de mercado de R$ 22
bilhões e um conjunto de mais de 1 milhão de alunos no país. A aprovação partiu
do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que condicionou aval à
operação anunciada em abril do ano passado ao cumprimento de obrigações que não
terão impacto relevante no grupo combinado, disseram executivos de ambas as
empresas.
Apesar
de o negócio envolver a união das duas maiores empresas de capital aberto do
setor de educação do país, o presidente da Kroton, Rodrigo Galindo, afirmou que
os remédios aprovados pelo Cade para autorizar a fusão terão impacto de apenas
5% a 6% na receita líquida do grupo combinado.
Além
disso, as restrições não terão impacto na previsão de sinergias de R$ 300
milhões, que seguem mantidas, disse Galindo.
A
fusão dos dois grupos acelerou uma onda de consolidação no setor de ensino
brasileiro, que tem recebido fortes incentivos governamentais nos últimos anos
na forma de programas como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
A
onda de aquisições incluiu a compra da paulista Uniseb pela fluminense Estácio
por 615 milhões de reais. O negócio, anunciado em setembro passado, também foi
aprovado com restrições pelo Cade nesta quarta-feira.
Bastante prazo
As
medidas foram aprovadas após meses de negociações entre o Cade e as empresas e
têm como destaque a venda de uma base de alunos de ensino à distância (EAD) de
74 mil estudantes, reunidos na operação da catarinense Uniasselvi, comprada
pela Kroton em 2012 por R$ 510 milhões.
Além
dessa venda, as empresas terão que limitar a captação de alunos em alguns
cursos de EAD em 48 cidades até 2017. A própria venda das operações de EAD da
Uniasselvi pode representar oportunidade para as empresas.
—
O Cade deu prazo bastante razoável para construirmos um processo de alienação
que agregue valor para a companhia — disse Galindo, afirmando que o prazo
aprovado pelo Cade é confidencial.
Segundo
o executivo, a Kroton já recebeu “várias sondagens” de potenciais interessados
nos ativos da Uniasselvi e o processo de venda deve ser “competitivo”. Ele
evitou fazer projeções para o grupo combinado após 2017, mas afirmou que a
companhia chegou a fazer estudos de internacionalização pós-fusão.
Apesar
dos estudos, o grupo vai preferir continuar focando no Brasil no curto prazo,
cuja taxa de penetração de estudantes de 18 a 24 anos no ensino superior é de
17 por cento ante meta de 33 por cento definida pelo governo federal.
—
Tem muito espaço ainda no Brasil. Obviamente, pelo porte da operação, em algum
momento pode vir a fazer sentido a internacionalização, mas não no curto prazo
— disse Galindo.
As
incertezas sobre a manutenção dos programas federais de apoio à educação em
caso de mudança de governo após as eleições de outubro não preocupam a
companhia.
—
A meta do governo é 33%. Ainda tem espaço de décadas para atingir patamares de
países desenvolvidos (...) Todos os sinais do governo dizem que são políticas
de Estado e não de governo.
Valorização de até 40%
Desde
o anúncio da fusão das empresas, as ações da Kroton tiveram valorização de 26%,
enquanto os papéis da Anhanguera avançaram 40%. Atualmente, a Kroton tem valor
de mercado de R$ 15 bilhões, enquanto a Anhanguera vale R$ 7 bilhões.
A
Kroton está mais concentrada em ensino superior no Mato Grosso, Minas Gerais,
Bahia, Santa Catarina e Paraná, enquanto a Anhanguera está presente em São
Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A
implementação de remédios na operação já era esperada pelas companhias e pelos
agentes do mercado. Em dezembro passado, a Superintendência Geral do Cade
chegou a dizer que a fusão representava riscos de concentração nas áreas de
ensino presencial e EAD no Brasil, com “séria potencialidade de efeitos anticompetitivos
em diversos mercados”.
Apesar
desse posicionamento, os remédios aplicados pelo Cade ficaram concentrados
sobre as operações de ensino a distância de ambos os grupos. Sobre esta área,
ficou definido que os grupos terão que atingir um nível combinado de 80% de
professores com mestrado e doutorado.
Segundo
a relatora do caso no Cade, Ana Frazão, os cursos de EAD de ambas as empresas
terão de alcançar o percentual de 80% até 2017.
—
As empresas também terão de notificar ao Cade qualquer aquisição que façam no
mercado de ensino à distância — disse Frazão a jornalistas.
Porém,
essa exigência não deve trazer impactos relevantes para a companhia combinada,
disse Galindo.
—
São poucos professores para muitos alunos, do ponto de vista de custo, não é
impactante.
FONTE: O GLOBO
Nenhum comentário:
Postar um comentário