Estudantes e servidores de quatro dos cinco câmpus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Brasília (IFB) em greve seguem o exemplo dos alunos da Universidade de Brasília (UnB) e reivindicam melhores condições de estudo e de trabalho. Em protesto, alguns ocupam desde quarta-feira o saguão do prédio da reitoria, localizado nas obras da unidade do Plano Piloto, na 610 Norte. Hoje, cerca de 50 pessoas fizeram uma manifestação em frente ao Palácio do Planalto.
Alegando falta de condições de trabalho e atraso na entrega das obras das unidades, parte do quadro de professores e de servidores do IFB aderiu, em 15 de agosto, à greve do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe). A categoria reivindica reajuste salarial de 14,67% e contratação de professores e de funcionários para as escolas que serão inauguradas, além de mais responsabilidade por parte do governo federal com a expansão do ensino técnico no país.
Para os representantes de Brasília, a principal preocupação alcança as falhas com que é feito o processo de ampliação do setor. “O protesto serve para evidenciar a expansão da rede federal sem a estrutura necessária, além das dificuldades que estamos enfrentando”, alertou o sindicalista Magno Alves de Oliveira, professor do IFB.
A mobilização dos estudantes partiu de Planaltina, mas conta com apoio das unidades do Plano Piloto, do Gama e de Samambaia, à exceção de Taguatinga, que não aderiu à paralisação — essa última é a única com a estrutura concluída. “Estamos mobilizando o máximo de estudantes possível, pois queremos alertar sobre como a expansão da faculdade se dá”, explicou a estudante de agroecologia do câmpus de Planaltina Charlotte Souza, 21 anos, uma das porta-vozes dos alunos.
Embora tenha sido a primeira das cinco unidades do IFB a receber aulas em parte dos edifícios — isso porque herdou a estrutura do Colégio Agrícola —, a de Planaltina também sofre críticas dos alunos. “Os macacões da apicultura (criação de abelhas) estão todos furados”, alertou Yago Bueno Afonso, 18 anos , estudante do 1º semestre de agropecuária. O jovem mora no alojamento do instituto e reclamou das condições do local. “Mesmo após passar por reformas, o mármore do banheiro está caindo.”
CronogramaO reitor do IFB, professor Wilson Conciani, alegou que todas as obras previstas para o Distrito Federal estão dentro do cronograma (leia quadro). Em entrevista ao Correio, realizada antes da ocupação da reitoria, o gestor alegou que o comando local de greve nunca mencionou o atraso das obras na pauta de reivindicações. “Não temos nada contra a greve, mas ela tem que ter uma razão de ser”, avaliou. A previsão dele é de que, em 2012, as aulas ocorram em locais definitivos nos câmpus de Brasília, de Taguatinga, de Samambaia, do Gama e de Planaltina.
O professor Francisco Póvoas, assessor do reitor e ex-diretor do câmpus de Planaltina, no entanto, afirmou que o cronograma de obras do IFB acabou atropelado pelo processo de concessão das áreas onde os câmpus serão instalados. O terreno precisa ser definido pelo GDF, que deve fazer uma doação para a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), para então ser entregue ao instituto.
Mas os estudantes alegam que os gestores sabiam dos problemas. “É até um absurdo nós ouvirmos isso”, rebateu a estudante Charlotte Souza. Segundo os servidores em greve, os rumos da expansão não são discutidos com a categoria. “Estão tocando os projetos numa arrogância que não dá para trabalhar”, protestou o professor Magno, que também representa os docentes no Conselho Superior.
DesasagemApesar da paralisação, alguns educadores continuam dando aula nos câmpus de Samambaia e do Plano Piloto. Em algumas unidades, os estudantes nem sequer sabem por que as atividades do IFB estão paralisadas. Os grevistas culpam o desencontro de informações pela falta de “convívio acadêmico”. “Os professores mal se cruzam, e os alunos só conhecem quem é da sua turma”, afirmou o professor Magno.
Entre aqueles que estão em sala de aula, nem todos são favoráveis ao movimento. “No fundo, acredito que seja uma questão de aumento de salário, mais pessoal do que profissional”, apostou Kelly Machado de Almeida, 24 anos, aluna de serviços públicos do Plano Piloto. Para ela, o fato de alguns professores darem aula e outros não também atrapalha os estudos. “Nós trabalhamos o dia todo, fazemos o esforço de vir para cá e não há aulas. Acho a greve prejudicial porque estamos defasados em algumas matérias”, denunciou.
EducaçãoO instituto foi criado em 2008 em substituição à antiga Escola Técnica de Brasília. Além dos atuais cinco câmpus, existe a previsão de expansão para Riacho Fundo, São Sebastião, Cidade Digital, Ceilândia e Estrutural. A instituição oferece cursos técnicos, além de graduação tecnológica e licenciaturas, formação inicial continuada (FIC) e programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Os cinco câmpus
Brasília» Local: SGAN 610, Módulos D, E, F e G» Local provisório das aulas: SEPN 511, Bloco B, Ed. Bittar 3, 2º andar e Colégio Gisno (SGAN 907)» Início das obras: 4 de janeiro de 2010» Previsão de término: novembro de 2011» O Câmpus Brasília terá uma área de 41 mil metros quadrados, com quatro blocos de sala de aula e um bloco administrativo, onde funciona a reitoria.
Planaltina» Local: Rodovia DF-128, Km 21, zona rural» Previsão de término: 16 de setembro de 2011 (para o Centro Vocacional Tecnológico)» O Câmpus de Planaltina recebeu a estrutura do Colégio Agrícola de Planaltina e sofreu reformas. Em 2011, foi construída uma biblioteca e reformada a rede elétrica do instituto.
Taguatinga» Local: QNM 40, Área Especial nº 1» Obras concluídas» O Câmpus de Taguatinga está pronto, mas ainda não foi inaugurado oficialmente. São dois blocos, que incluem biblioteca, administração, salas de aula e laboratórios.
Gama» Local: Lote 1, DF-480, Setor de Múltiplas Atividades» Local provisório das aulas: Praça 2, Setor Central (antiga Biblioteca Pública, em frente à rodoviária)» Início das obras: 6 de outubro de 2010» Previsão de término: 10 de dezembro de 2011» O Câmpus do Gama teve o início das obras atrasadas por conta da licença ambiental do Instituto Brasília Ambiental (Ibram), pois 60% do terreno é constituído por uma reserva ambiental. Serão construídos três prédios.
Samambaia» Local: Lote 2, Setor Subcentro Leste, Complexo Boca da Mata» Local provisório das aulas: QN 304, Conjunto 1, Lote 02» Início das obras: 6 de outubro de 2010» Previsão de término: 3 de abril de 2012» Serão construídos três edifícios no Câmpus de Samambaia, todos dentro do cronograma previsto para a conclusão das obras
FONTE: correio de santamaria
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