Comando Nacional de Greve do SINASEF
No momento em que o cenário nacional não se mostrou favorável quanto à adesão de outras categorias ligadas à educação (FASUBRA e ANDES) ao movimento grevista hoje conduzido pelo SINASEFE, veio à tona uma nova configuração do movimento de luta que já ultrapassa 60 dias. Esta conjuntura que sugere um suposto isolamento fez com que o processo de aprofundamento de questões ligadas ao conjunto da categoria fosse desencadeado nas bases de modo integrado. Tal processo promoveu um avanço nas reflexões que pareciam não tão claras quando o movimento ainda se mostrava atrelado aos desdobramentos da conjuntura mais ampla.
Diante deste novo cenário, ao se deslocar o foco de gravidade analítico-reflexivo para o processo de expansão da rede federal de ensino, foi possível dar visibilidade à situação precária que marca este processo de norte a sul do Brasil, questões há muito denunciadas pelo GT Políticas Educacionais do SINASEFE. Este movimento permitiu comprovar que aquelas pautas reivindicatórias que apontavam para questões referentes à precariedade da expansão - aspectos estruturais mínimos que garantam o funcionamento da instituição educacional, com condições para o desenvolvimento das atividades administrativa e docente (ensino, pesquisa e extensão), que compreendem, por sua vez, salas de aulas adequadas, laboratórios equipados, servidores valorizados e motivados para o trabalho - elementos estes que tocam a todos.
Esta perspectiva de análise estimulou uma reconfiguração das estratégias de luta que, longe de enfraquecer o movimento, permitiu a redescoberta dos Institutos Federais, uma vez que passam por um processo de transformação significativo frente à expansão da rede que colocou na ordem do dia a necessidade de “olharmos para dentro”, revirar nossas próprias entranhas em busca de elementos que nos unem enquanto categoria. O resultado disto, destacamos, foi a confirmação de que, mesmo aquelas reivindicações das bases que aparentemente se mostravam como específicas, a cada contexto dado possuem uma transversalidade que não pode ser desprezada.
Com efeito, seguindo as deliberações da 104ª Plena na qual as bases ratificaram, por ampla maioria, a necessidade de continuidade da greve com ações radicalizadas, construímos (CNG) e encaminhamos agenda de lutas que se converteu em atividades do movimento grevista. Estas atividades nos fizeram comprovar que temos totais condições de “caminharmos com nossas próprias pernas”, identificando elementos que nos unem e fortalecem enquanto categoria, que apontam para a integração dos laços que nos agregam em todo o Brasil, demonstrando que é possível sustentar uma greve de caráter e impacto nacionais, com reivindicações sólidas e pertinentes à totalidade da categoria e em defesa da educação em seu sentido mais nobre, com radicalidade, a despeito do descaso e intransigência do governo federal que continua a desprezar nossa força desde os primeiros dias de greve e que ainda insiste em ignorar o poder de luta e representatividade do SINASEFE, sobretudo ignorando a legitimidade da greve.
Vivemos um momento de mudanças, um tempo de renovação das forças de luta que muito se deve às novas possibilidades históricas postas pelo processo de expansão da rede federal e, não menos, pelas feridas abertas por este mesmo processo que atingem em cheio os/as servidores/as que compõem os Institutos Federais em todo o país. Devemos sustentar a determinação em revelar à sociedade o calcanhar de Aquiles do governo federal que vem promovendo a expansão das redes federais de ensino sem considerar sequer compromissos básicos em relação às carreiras de servidores envolvidos no processo, bem como com a qualidade da educação pública neste país, haja vista o claro posicionamento privatista do governo federal ao investir pesado em programas como o PRONATEC.
Por fim, cabe lembrar, que uma greve no SINASEFE, ao paralisar a rede federal de educação básica, técnica e tecnológica, pode, inclusive, inviabilizar o ano letivo devido à postura autoritária e intransigente do governo federal. É a partir deste entendimento que o Comando Nacional de Greve sustenta a necessidade de união e radicalização do movimento grevista. Aos que sentem seu espírito abatido pelo cansaço da extenuante batalha, lembramos o grito dos quilombolas com quem estivemos em manifestação na frente do Palácio do Planalto: “Movimento quilombola nunca está cansado, melhor morrer lutando do que ser escravizado”.
FONTE:Boletim Especial de Greve nº 20 - 30/09/2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário