Para entrar no mercado, as universidades britânicas terão de compilar e publicar dados comparativos em 16 áreas – desde o valor das taxas de acomodação até faixa salarial de ex-alunos por curso. Mas como podem cobrar até nove mil libras, e não sabem exatamente qual seria o preço ideal no "mercado aberto", elas fazem pesquisas internas entre os atuais alunos.
A University of London, por exemplo, pergunta se o estudante escolheu seu curso "em virtude do valor ou da reputação" e se "a reputação da universidade atende ao preço pago". O governo quer que, com a divulgação dos dados, os futuros estudantes consigam escolher a universidade em que pretendem estudar pela relação entre custo e benefício.
Segundo pesquisas do governo realizadas em julho, as universidades pretendem cobrar, em média, 8.393 libras ao ano, valor bem próximo do máximo permitido. Na época, 47 instituições, como Cambridge e Oxford, anunciaram a intenção de cobrar as nove mil libras como padrão.
Baixas
Enquanto isso, o desânimo se reflete em números entre os futuros universitários britânicos. Uma pesquisa recém-publicada do órgão que gerencia o ensino superior nas ilhas, o Ucas (Universities and Colleges and Admissions Service), mostra que as novas taxas estão afugentando quem queria tentar uma graduação. Até o dia 15 de outubro, havia uma queda de 12% no número de matrículas para o ano que vem. São sete mil britânicos a menos entrando na universidade.
Ao mesmo tempo, estudantes estrangeiros, que em determinados casos já pagam o triplo do britânico para estudar no Reino Unido, continuam vindo em busca do status e da tradição do ensino. A mesma pesquisa mostra um aumento de 8% no número de matrículas de visitantes de fora da União Europeia, especialmente da Austrália e das Américas. Eles são atraídos pela grande possibilidade de estudar em uma renomada universidade britânica pagando mais pelo curso.
Contra-ataque
Especialistas ouvidos pelo jornal The Guardian afirmam que ainda é cedo para avaliar se essa queda no número de estudantes britânicos continuará a ocorrer nos próximos anos. A associação estudantil NUS (National Union of Students), equivalente à UNE britânica, principal voz crítica aos cortes e ao aumento das taxas, considera que as mudanças no ensino superior são "incoerentes". Em protesto, articula uma grande manifestação marcada para o dia 9 de novembro em defesa da Educação e contra a privatização do ensino superior britânico.
Será a National Campaign Against Fees and Cuts (ou Campanha Nacional Contra Taxas e Cortes) que, ao lado do movimento Occupy LSX (Ocupe a Bolsa de Londres!), ainda acampado em frente à catedral de São Paulo, no centro de Londres, vai levantar a voz contra a "especulação" e a "mercantilização" do ensino e o derretimento do estado de bem-estar social.
Há ainda uma articulação de greve geral de estudantes e funcionários para o dia 30 de novembro.
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