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sábado, outubro 29, 2011

Ronaldo de Assis e a vingança ao Massacre de Porongos










Ronaldo de Assis enfrentará Domingo pela vez segunda o Grêmio Foot-BallPortoalegrense, clube que o projetou, e cuja torcida promete se vingar de sua suposta traição por ter R10, em seu regresso ao futebol brasileiro, escolhido o Flamengo, sob prejuízo do tricolor gaúcho.

No jogo de ida, no Rio, deu Flamengo com direito a gol de R10, mas pouco importa o resultado, pois a vingança ao Massacre de Porongos se dera quando Ronaldo de Assis rechaçara o tricolor gaúcho.

De que falo?

Se tens paciência e te apeteces verdades fortes, continues aqui.

Pois bem.

As razões profissionais da escolha do Flamengo são óbvias, e todo mundo já sabe: o sonho de vestir o manto; ter projeção mundial ; ser campeão na vida e viver numa cidade bem plural, apesar do Fluminense.

Mas tirante as obviedades acima descritas, há duas questões pessoais que levaram Ronaldo de Assis a rechaçar o habitat gaúcho e o vice-campeão brasileiro de 1982, a saber:

1) Restrição ao habitat gaúcho

Ronaldo de Assis confidenciara a um nosso amigo em comum que jamais se identificara ao movimento separatista gaúcho, presente fortemente no dia a dia do sul rio-grandense, notadamente no cotidiano do branco gaúcho.

Milhares de gaúchos têm alma separatista, não sendo preciso estar filiado a qualquer movimento político de independência sulista para se tornar um separatista d’alma.

Provo.

Leitor gaúcho, se tu me responderes afirmativamente quaisquer das perguntas baixo, já és um separatista:

- Já colastes orgulhoso um decalque da bandeirinha de sua Federação na traseira de seu carro, sob prejuízo do brasão nacional?

-Já cantastes o hino farroupilha a plenos pulmões nos Estádios, e silenciastes em seguida ao nacional?

- Já comemorastes o 20 de Setembro com mais ênfase do que o feriado nacional de independência?

- Já te referistes como sendo natural do “Rio Grande” omitindo a essencial localização “do Sul” da denominação do Estado, olvidado de que há um outro pujante e mais belo Rio Grande?

Se dissestes “-Sim!” para quaisquer das alternativas acima, tu não és apenas separatista, mas também um cidadão pleno de embófia e soberba sem qualquer razão, contudo, para tanto.

Parodiando Marcelo D2, indago cantarolando aos separatistas:

Essa onda que tu tira, qualé? Qualé, gaúcho, qualé?

O gaúcho separatista criou uma falsa identidade de peleador ímpar tendo em vista a Revolta Farroupilha, a qual, entretanto, fora apenas mais uma dentre as várias insurgências malogradas Brasil afora contra o poder imperial.

Registre-se que a base maior do movimento era de ricos chorosos estanceiros do charque sulista que estavam perdendo espaço para o charque cisplatino de melhor qualidade e para o qual não se tinha entraves tributários.

Nesse gauchismo de exaltação farroupilha, o negro não tinha espaço como veremos mais adiante no item 2.

Mas para encerrar esta primeira e menor razão pessoal de Ronaldo de Assis ter preterido o habitat gaúcho, sublinhe-se que a cisma é ao ambiente gaúcho separatista que não abraça ao negro, sem, entretanto, ser Racista.

Se tu és colorado ou não curtes o futebol, mas é separatista d’alma, é também de pessoas como ti que Ronaldo de Assis desejava se afastar.

Nada melhor do que o Rio, apesar do Fluminense, para Ronaldo de Assis, retornando de uma década de vida europeia, cultivar seu amor às coisas brasis.

2) O Racismo de alguns gremistas

Se tu és gremista, mas não combates ativamente o Racismo, tens um papel fundamental de protagonista omissivo. Isso porque pequena parte da torcida do Grêmio é historicamente useira e vezeira na arte de execração da pele negra.

Voltemos a Guerra dos Farrapos.

Bento Gonçalves, o chinfrim herói gaúcho, percebendo que lhe faltava contingente na luta contra o Império, seduzira os escravos para se juntarem aos ricos rebeldes sob a promessa de alforria.

O tal Bento, em cujo Espólio contar-se-ia depois vasto acervo hereditário de escravos, jamais cumpriria, traidor que é, a promessa de alforria.

Pior. Aos negros, não só a traição, mas a emboscada derradeira.

Lembre-se, antes, que os negros farroupilhas não podiam montar à cavalo nem portar armas de fogo, pois tal primazia não era para gente que tal.

Eram os buchas: os lanceiros.

Eis que depois de dez anos de batalha, os latifundiários farroupilhas e o Império negociavam a paz.

Sabedores de que não poderiam cumprir a promessa de alforria, e temerosos de uma prestação de contas futura do povo negro, o comandante farroupilha David Canabarro desarmara seus “índios” e os entregara de bandeja para o carniceiro Caxias, o futuro Duque.

Diz-se que 600 negros desarmados foram dizimados pela Tropa Imperial na localidade de Porongos, onde hoje está o município de Pinheiro Machado.

A historiografia oficial do Exécito trata o tema como “A Batalha de Porongos” e separatistas alcunham o episódio como a “A Surpresa de Porongos”, mas os Doutores da Academia já provaram que ali então, em 13 de novembro de 1844, se consumara o covarde “Massacre de Porongos”.

Depois, de braços dados, os heróis gaúchos se juntaram aos nossos ingênuos ascendentes e dizimaram, sob a batuta de Caxias, os paraguaios na defesa dos ideias econômicos britânicos

Mas onde está o Racismo de alguns gremistas?

As imagens ao fim do texto mostram que o suposto inofensivo gesto de alisar o antebraço seria algo aceitável, a teor da reação passiva dos demais adeptos.


Conclusivamente,

R10 ama o Rio. Nada tem contra as tradições gaúchas, senão ao revés: ama sua terra natal, as belas gaúchas; o pôr do Sol no Guaíba; os versinhos de Quintana e Chimas toda semana.

Ama muito tudo isso, embora não se identifique com o cotidiano separatista.

Por isso, esta temporada distante do Rio Grande do Sul parece ter chances de se tornar eterna.

Ronaldo de Assis, por outro lado, tendo conhecido a magia e a força popular do Urubu, não mais ama o Grêmio, sendo, porém, grato ao clube.

Embora R10 nunca tenha sofrido Racismo por ter sido ídolo no Olímpico, o mesmo viu negros serem humilhados por alguns poucos criminosos gremistas, e a vida lhe mostrou que a dor do outro machuca da mesma forma.

Ficar longe do Grêmio de hoje e nos braços flamengos de sempre, foi uma sábia decisão.

Expecta-se que a numerosa torcida do tricolor gaúcho faça a lição de casa e prenda a pequena bandidagem que canta o ódio racial. Seria um começo para se reencontrar a dignidade gremista, e cortar essa terrível mácula que acaba por afetar, tal carcinoma metástico, a todo o pavilhão social gremista.

Enquanto não o faz, que os gremistas, os poucos racistas que ainda lá existem e também os inertes, curtam profundamente a dor do desamor explícito de R10.

A vingança ao Massacre de Porongos já se consumou.

FONTE: jblog.jb / Gustavo Serra - ACIMA DE TODOS FLAMENGO




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