Construir a unidade de ação para resistir e lutar
O ano de 2011 foi marcado por intensos
ataques dos governos e da patronal contra os direitos e conquistas dos
trabalhadores. Mas também ficou marcado pela resistência da classe às esses
ataques.
Aposentados, servidores públicos federais, trabalhadores da construção civil, profissionais em educação, petroleiros, metalúrgicos e os movimentos popular e estudantil desenvolveram mobilizações importantes que colocaram em cheque as medidas dos governos.
Aposentados, servidores públicos federais, trabalhadores da construção civil, profissionais em educação, petroleiros, metalúrgicos e os movimentos popular e estudantil desenvolveram mobilizações importantes que colocaram em cheque as medidas dos governos.
Na
esteira da resistência, várias organizações representando esses segmentos
construíram um importante “espaço de unidade de ação” que buscou,
fundamentalmente, unificar as ações das categorias para a realização de
atividades conjuntas, fortalecendo a resistência do povo trabalhador. Assim,
foi possível realizar uma importante jornada de lutas no segundo semestre do
ano passado, que culminou com uma grande marcha à Brasília (20 mil
participantes), no dia 20 de agosto.
A
experiência do ano passado, mostra que é possível avançar com esse movimento e
ampliá-lo ainda mais. As entidades que compõem esse espaço já realizaram duas
reuniões este ano e seguem tomando iniciativas no sentido de unificar as pautas
e os calendários de mobilização das categorias.
A
crise econômica mundial segue se aprofundando na medida em que a aplicação das
inúmeras medidas, planejadas pelos EUA (FMI, BM etc.) e implementadas pelos
governos nos vários continentes, não conseguiram repor o nível da taxa de lucro
global, nem diminuir o avanço do endividamento e quebradeira de diversos
países, especialmente no continente europeu.
Essas
medidas intensificam a chamada “austeridade fiscal”, que se materializam em
corte de gastos públicos, demissões, retirada de direitos históricos e redução
de salários. Tudo acompanhado de um forte grau de repressão, opressão, racismo,
machismo, homofobia e xenofobia, além das centenas e até milhares de prisões e
assassinatos de lideranças, trabalhadores, mulheres e jovens que lutam e
resistem a esses ataques; tudo pra atender os interesses do lucro capitalista.
Contra
essa ofensiva explodem mobilizações e greves em diversas partes do planeta,
especialmente na Europa e, como parte dessa mesma situação, os processos de
ascenso e revoluções do Norte da África.
No
Brasil, os efeitos da crise ainda não foram sentidos pela maioria do nosso
povo. Porém, o governo age preventivamente e a Presidente Dilma já cortou R$
55 bilhões dos investimentos previstos para as áreas sociais e,
conseqüentemente, anunciou sua política de reajuste zero ao funcionalismo,
negou aumento real aos aposentados ao mesmo tempo em que mantém a política de
isenção de impostos a setores do empresariado.
Nesse
marco, o governo federal opera para manter o dito crescimento econômico
alicerçado na exportação de matéria-prima, se tornando cada vez mais
dependente do capital internacional. No mesmo sentido, o leilão dos aeroportos
e o anuncio de mais uma rodada de leilão dos campos de exploração do petróleo
brasileiro, combinado com a recente aprovação, na Câmara dos Deputados, do
Fundo de Pensão Complementar – fim da aposentadoria integral do funcionalismo
federal e perspectiva de extensão aos Estados e Municípios – explicitam o viés
privatista do governo.
No
que se refere ao tratamento dado pelos governos estaduais em relação às lutas e
mobilizações, temos observado o aumento da repressão e criminalização das lutas
e da pobreza em uma escalada repugnante e ostensiva. O fato mais marcante e
emblemático foi o do governo Alckmin, do PSDB, no “Massacre do Pinheirinho”.
Porém, a criminalização se estende nas prisões e na repressão ao movimento e
lideranças das greves dos trabalhadores da segurança pública, como no Ceará,
Bahia e agora no Rio de Janeiro. E avança também contra a juventude, com
prisões, espancamentos e medidas penais como as que acorreram contra os
estudantes da USP e nas manifestações contra os aumentos nas tarifas dos
transportes em Teresina-PI e Recife-PE.
O
mesmo tem ocorrido na luta por moradia e contra os despejos, espalhados pelo
país afora, para atender os interesses da especulação imobiliária e das grandes
empreiteiras relacionadas aos empreendimentos da Copa e Olimpíadas, sempre
marcadas pela repressão violenta do Estado, que objetiva a promoção de uma
verdadeira higienização social e a criminalização da pobreza;
Frente
a esse cenário, o Espaço de Unidade de Ação, representando as diversas
categorias e setores do movimento popular, sindical e estudantil retomam as
iniciativas, inauguradas no ano passado, que visam organizar as lutas, ações,
mobilizações e greves para defender e fazer ampliar os direitos, a melhora na condição
de vida e defender a liberdade, igualdade e a democracia contra a atual
política econômica do governo e a criminalização dos movimentos sociais e da
pobreza.
O
pacto protagonizado por este Espaço de Unidade de Ação é pela ação direta nas
lutas e mobilizações da classe trabalhadora, em defesa de uma plataforma
unitária e de um plano de ação conjunto. Por isso, abaixo, apresentamos a
concretização dessa plataforma e o calendário unitário que defenderemos ao
longo de 2012.
Sejamos uma só voz na garganta de milhões!
Em
defesa de nossas conquistas e contra a criminalização das lutas!
Plataforma:
- DEFESA DA APOSENTADORIA E DA PREVIDÊNCIA PÚBLICA
(Fim do fator
previdenciário / Contra a adoção de idade mínima e o fator 85-95, que mantém o
sacrifício dos (as) trabalhadores (as) / Recomposição do valor das
aposentadorias / Contra os fundos de aposentadoria complementar, pois
significam a privatização da previdência);
- CONTRA
OS CORTES DO ORÇAMENTO
– DEFESA DO SERVIÇO PUBLICO E DOS DIREITOS SOCIAIS DO POVO BRASILEIRO
– COMBATE À CORRUPÇÃO
(Mais verba para
saúde, educação, moradia, transporte público e reforma agrária / Fim do
superávit primário e suspensão do pagamento da dívida externa e interna aos
grandes especuladores / Fim dos subsídios e isenções fiscais às grandes
empresas / Expropriação dos bens e prisão para todos os corruptos e
corruptores);
- EM DEFESA DOS (AS) SERVIDORES (AS) PÚBLICOS (AS)
(Valorizar os (as)
servidores (as) públicos é valorizar o serviço público / Apoio às
reivindicações dos (as) servidores (as) públicos (as) / Defesa do direito de
negociação coletiva / Contra as restrições ao direito de greve, seja dos (as)
trabalhadores (as) da iniciativa privada, seja do serviço público);
- EM DEFESA DA EDUCAÇÃO E DA SAUDE PÚBLICA
(Aplicação imediata
de 10% do PIB na educação publica / Implementação imediata do piso nacional dos
professores, com 1/3 da jornada em atividade extra-classe / Mais verbas para a
saúde pública / Contra a MP 520, que abre caminho para privatizar os hospitais
universitários);
- AUMENTO GERAL DOS SALÁRIOS
(Reposição da perda
inflacionária e aumento real dos salários/ Congelamento de preços / Unificação
das campanhas salariais);-
- EM DEFESA DO DIREITO À MORADIA DIGNA / TERRA PARA QUEM
NELA TRABALHA- REFORMA AGRÁRIA JÁ
(Contra as remoções
e os despejos, agravados com os mega eventos – copa do mundo e olimpíadas / Em
defesa da reforma agrária e condições dignas de trabalho no campo);
- NENHUM DIREITO
A MENOS – CONTRA
A PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO
(Contra a
flexibilização da CLT / Contra a terceirização / Combate aos acidentes e
ambientes insalubres no trabalho / Combate a todas as formas de trabalho
escravo e em condições análogas à escravidão / Combate a todas as formas de
assédio moral);
- REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO SEM REDUÇÃO SALARIAL- CONTRA
AS PRIVATIZAÇÕES – DEFESA DO PATRIMONIO E DOS RECURSOS NATURAIS DO BRASIL
(Contra os leilões
do Petróleo / Petrobrás 100% estatal / “Todo o petróleo tem de ser nosso” /
Apoio à campanha “o minério tem de ser nosso”);
- CONTRA
A CRIMINALIZAÇÃO DA POBREZA E DOS MOVIMENTOS SOCIAIS
(Lutar é um
direito, não é crime);
- CONTRA
O NOVOCÓDIGO FLORESTAL
/ EM DEFESA DO MEIO AMBIENTE- CONTRA
TODA FORMA
DE DISCRIMINAÇÃO
E OPRESSÃO
(Combate a toda
forma de discriminação, seja homofóbica, sexista ou racial)
Plano de ação
Março
Início do mês – Calourada Nacional
dos Estudantes Universitários;
08.03 – Manifestações e
Atos Públicos no Dia Internacional da Mulher;
12 a 16.03 – Jornada Nacional
de Lutas dos Servidores Federais com atividades diversas nos estados
(passeadas, manifestações, atos públicos, etc.);
13 a 15.03 – Greve Nacional da
Educação Básica convocada pela CNTE;
15.03 – Atos Públicos nos
Estados, unificando as lutas do funcionalismo federal e dos profissionais da
educação básica;
28.03 – Marcha em Brasília
dos Servidores Federais e Dia Nacional dos Estudantes;
29.03 – Dia Nacional de
Lutas dos Aposentados e Pensionistas;
Abril
23 a 28.04 – Incorporar- se às
atividades da semana de luta em memória das vítimas de acidentes de trabalho;
04.04 – Jornada de lutas
do movimento popular sobre as obras da Copa do Mundo;
2ª. Quinzena de Abril
–
Indicativo de greve dos servidores federais;
Maio
01.05 – Dia do
Trabalhador; De junho a agosto – Indicativo de realização do Plebiscito
Nacional contra os crimes da Copa do Mundo.
Brasilia, 06 de
março de 2012.
Entidades e movimentos que assinam
este Manifesto:
CSP-CONLUTAS,
CUT,
COBAP, ANEL,
CNESF,
CONDSEF, FENASPS,
ANER, ANESP,
SINASEMPU,
FENAJUFE, ANDES-SN,
SINASEFE, ASSIBGE-SN,
CONFELEGIS,
FENALE, FENASTC, ASMETRO-SN,
SINDFAZENDA,
SINAGÊNCIAS, FASUBRA, MTST, MUST-Pinheirinho.
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