Este foi
o tema do Ato Público organizado por diversas entidades do Movimento Negro,
realizado na manhã de sexta-feira (9) em frente à escola pública Unidade Estado
do Pará no bairro da Liberdade em São Luís- MA.
O ato que ganhou repercussão na imprensa local
aconteceu em função da estudante Ana Carolina Soares Bastos, de 19 anos, ser
impedida de entrar na escola por conta de seu cabelo black power e só poderia
regressar a escola quando mudasse o estilo de penteado.
A estudante comenta que ao chegar à escola foi
surpreendida pela diretora falando que tinha se espantando com os seus cabelos
e pediu que se retirasse da instituição, depois não satisfeita perguntou por
que usava o “cabelo daquele jeito”. Ana Carolina que é engajada no movimento
negro e participa de bloco afro, respondeu que é o seu estilo, sua identidade
como negra. Este fato aconteceu no final do mês passado e veio à tona por conta
de denuncias da própria estudante.
Esta não é a primeira vez que situações como estas
ocorrem nesta escola, há vários relatos de alunos, bem como de organizações
afro-culturais de que foram impedidas de realizarem atividades pedagógicas
junto ao corpo discente. A agremiação Netos de Nanã, grupo do próprio bairro,
relata que várias vezes tentou construir atividades culturais de matrizes
africanas na escola, mas foi impedida pela direção, o que levou a aproximação
com escolas em bairros mais próximos.
As atitudes da diretora há várias décadas à frente
da escola, demonstra autoritarismo, total desprezo pela cultura africana e afro
descentes, despreparo e desrespeito para lidar com a diversidade pluriétnica e
multicultural, sobretudo quando pouco interessa para sua gestão a interlocução
com a comunidade no qual se encontra a escola. Ela se situa no bairro da
Liberdade, bairro este com maior população negra de São Luís, considerado
pelo movimento negro como o maior quilombo urbano do Maranhão, rico em
manifestações culturais de origem africana.
Caso como este não é isolado, negros e negras tem
vivenciado situações de humilhações e ofensas raciais diariamente em diferentes
espaços públicos e que se expressam em distintas formas como: piadas racistas,
batidas policiais, agressões físicas e morais, que muitas vezes não são
denunciadas pelo constrangimento, humilhação, tristeza, frustrações e revoltas
que causam às pessoas que as denunciam, mas precisam ser denunciadas para que
sirvam de exemplos e possam de fato ser punidas já que o racismo é crime
inafiançável e imprescritível.
O racismo tem diferentes facetas. A utilização de
estereótipos negativos e a ridicularização das características e tratos físicos
é mais um aspecto desse racismo, que é em nossa análise, ao mesmo tempo
silencioso, cruel e violento, age para negar a identidade negra, destruir os
valores culturais, históricos e físicos desta população, destruindo a sua
autoestima.
O fato de essa atitude discriminatória ter ocorrido
na escola nos remete a reflexão que esta situação é comum no ambiente escolar e
que a escola tem sido historicamente um instrumento de reprodução das
ideologias dominantes, sendo o racismo, mais um elemento para garantir a
opressão e a exploração sobre os negros.
A escola que deveria ser o espaço acolhedor de
diferentes grupos étnicos, garantindo a todos igualdade, liberdade de
opinião, de culturas e identidades, exclui as camadas populares, nega sua
história e constrói visões de mundo elitista, além de quem muitos negros (as)
não tem acesso a ela.
Nós do Movimento Negro Quilombo Raça e Classe
consideramos importante não só denunciar as práticas racistas, mas também
as estruturas de poder que relegam ao negro a lugar da inferioridade.
Pelo Fim do Racismo!
FONTE: CSP-CONLUTAS
LEIA TAMBÉM: Cabelos de negros ainda revelam teor político e social nos EUA
http://guebala.blogspot.com/2009/10/cabelos-de-negros-ainda-revelam-teor.html
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