Ao discursar na cerimônia de assinatura de contratos do programa habitacional Minha Casa Minha Vida, em São Luís (MA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que nenhum outro governo do país investiu tanto em saneamento básico como o atual. O presidente ressaltou que as obras nos municípios tem que ser feitas para melhorar a vida da população, independentemente do partido do prefeito.
“Temos consciência de que estamos fazendo no Brasil o maior investimento da história deste país em saneamento básico, em todas as cidades brasileiras. Eu não quero saber se o João Castelo é do PSDB, eu não quero saber se o outro é do PFL [atual DEM], não quero saber se é do PT. Quero saber se o povo está na merda e eu quero tirar o povo da merda em que ele se encontra. Esse é o dado concreto”, discursou Lula.
O próprio presidente reconheceu que havia falado um palavrão e adiantou que seu ato falho saíra na imprensa . “É lógico que eu falei um palavrão aqui. Amanhã os comentaristas dos grandes jornais vão dizer que o Lula falou um palavrão, mas eu tenho consciência de que eles falam mais palavrão do que eu todos os dias e tenho consciência de como é que vive o povo pobre deste país. E é por isso que queremos mudar a história deste país. Mudar a história deste país não é escrever um novo livro. É escrever, na verdade, uma nova história deste país, incluindo os pobres como cidadãos brasileiros”, argumentou.
Lula acrescentou que é preciso investir em educação e dar atenção aos pobres para que eles tenham condições de conseguir bons empregos. "É ironia do destino, exatamente eu, que não tenho diploma universitário, vou passar para a história do Brasil como o presidente que mais investiu em universidades neste país. É uma ironia, porque eu conheço gente que era da “fina flor” e que não fez uma, exatamente porque ele já tinha estudado e já tinha aprendido. Para que pobre aprender? Pobre? Pobre tem mais é que capinar. Pobre, se arrumar emprego de pedreiro já está bom. Isso é o que eles pensavam, mas não queremos que pobre seja apenas pedreiro. Queremos que ele seja engenheiro, queremos que ele seja médico, queremos que ele seja dentista. E é essa coisa que está mudando no Brasil”, disse Lula.
FONTE: AGÊNCIA BRASIL
Desembolso com saneamento previsto no Orçamento chega a apenas 41,3% em sete anos
Em sete anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva, apenas 41,3% dos recursos previstos no orçamento para saneamento foram de fato desembolsados pelo governo federal. Neste ano, dos R$ 3,1 bilhões previstos para a área, foi pago até esta semana R$ 1,35 bilhão. A quantia leva em consideração os restos a pagar, dinheiro prometido em anos anteriores, mas ainda não liberado efetivamente. O levantamento foi feito pelo site Contas Abertas e pela Comissão de Orçamento da Câmara dos Deputados.
Os gastos levantados pelo Correio não consideram, entretanto, os investimentos por meio de empréstimos bancários a estados e municípios, importante fonte de recurso para a área. Apesar dos avanços nos últimos anos, especialistas afirmam que ainda é pouco diante do cenário nacional. Isso porque 47,5% dos brasileiros não têm acesso ao serviço. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), a região Nordeste possui a maior quantidade de domicílios sem acesso a saneamento (45%).
A pesquisa, realizada em 2008, aponta que 6,7 milhões de domicílios na região não têm ligação com rede de esgoto ou fossa séptica - unidade de tratamento primário de esgoto. E foi no Nordeste, no estado do Maranhão, que o presidente Lula destacou os investimentos de seu governo na área. "Eu quero saber se o povo está na merda e eu quero tirar o povo da merda em que ele se encontra. Esse é o dado concreto", disse, na quinta-feira, em cerimônia de anúncio de contratos do programa Minha Casa, Minha Vida em São Luís. Ontem, o vice-presidente José Alencar defendeu o petista e disse que a fala demonstra a preocupação do presidente com a população carente.
Para o presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, houve uma melhora significativa entre o cenário atual e o de 2003, primeiro ano do governo Lula. Mas, ainda assim, os recursos são limitados. "O setor de saneamento básico é, de longe, o mais carente de investimento entre todos os setores de infraestrutura", afirmou Godoy, por meio de assessoria. O presidente aponta ainda o impacto de investimentos na área sobre a saúde da população. "Bastou elevar os investimentos, principalmente nas regiões mais carentes, para percebermos melhora nas condições de saúde pública", conclui.
Qualidade
O avanço do acesso ao saneamento no Brasil, apontam especialistas ouvidos pelo Correio, se deve em parte à criação do próprio Ministério das Cidades, em 2003, e da Lei do Saneamento Básico, em vigor há dois anos. O documento determina a universalização dos serviços de abastecimento de água, coleta de lixo, rede de esgoto e drenagem de águas pluviais. "A qualidade do serviço de saneamento no Brasil é historicamente pior do que o acesso à coleta de lixo e abastecimento de água. E acaba avançando mais lentamente", afirma Marcelo Néri, chefe do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A FGV fez um estudo recente, em parceria com o instituto Trata Brasil, sobre a evolução do saneamento no Brasil e constatou que os avanços nos últimos dois anos foram fundamentais para o resultado positivo. Néri explica que, entre 2007 e 2008, o deficit do saneamento básico no país sofreu uma redução de 4,2% - entre 1992 e 2006, o percentual foi de 1,38%. "Foram dois anos atípicos, mas acho que é cedo dizer que (o motivo) é o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Não é o PAC, pelo próprio cronograma das obras, embora ele tenha sido anunciado em janeiro de 2007", afirma o economista. O PAC Saneamento prevê investimentos de R$40 bilhões entre 2007 e 2010.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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