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sexta-feira, fevereiro 12, 2010

ATUAÇÃO PELO HAITI

Primeira tempestade forte atinge Porto Príncipe um mês após terremoto


Porto Príncipe sofreu nesta quinta-feira sua primeira tempestade desde o terremoto de 12 de janeiro, o que surpreendeu a grande parte das 1,2 milhão de pessoas que estão dormindo em barracas em campos de refugiados.

Milhares de pessoas se viram obrigadas a deixar suas camas improvisadas para se proteger da chuva.

O presidente da Cruz Vermelha francesa (CRF), Jean-François Mattei, alertou nesta quinta sobre uma possível deterioração da situação no Haiti por causa do início da temporada de chuvas, um temor compartilhado pelas autoridades haitianas.

"O pior está por vir com a chegada da temporada de chuvas, dentro de seis semanas. São chuvas torrenciais, inundações e deslizamento de terras", afirmou Mattei.

FONTE: AGÊNCIA EFE


Um mês depois, o medo persiste no Haiti


A palavra "terremoto", no idioma crioulo, ainda ecoa por muitas bocas de Porto Príncipe, pronunciada com um misto de medo e luto. O dia de hoje será especialmente doloroso: adeptos do vodu e do catolicismo tomarão as ruas, as igrejas e os cemitérios para louvar a chance de estarem vivos e lembrar seus mortos. Desde as 16h53 (18h53 em Brasília) daquele 12 de janeiro de 2010, pouca coisa mudou na capital haitiana. Pelo menos 217 mil de seus 3 milhões de habitantes morreram sob as construções destruídas pelo tremor de magnitude 7 na escala Richter.


"Tudo continua quase o mesmo. As pessoas ainda dormem do lado de fora de suas casas e o temor de novas réplicas aterroriza todo mundo", contou ao Correio, por e-mail, o empresário Thierry Bijou, 33 anos. "Ainda há necessidade de mais água e comida. Ainda temos corpos sob os escombros", acrescentou. Um trágico recente incidente dá o tom do desespero da população. Na última terça-feira, sete haitianos morreram ao tentarem saquear comida de dentro das ruínas do Caribbean Supermarket, em Delmas, um bairro de classe média.

Bijou compara o que ele e seu povo viveram no último mês ao "inferno na Terra". "No meio de toda essa loucura, você pode ver e sentir a compaixão, o amor entre os haitianos. Eles se ajudam, abrem suas casas para estranhos que perderam tudo. Distribuem comida e água, ainda que não tenham certeza de onde as encontrarão", comenta o empresário.

Regine Saint Clair, 23 anos, tenta retomar a rotina no escritório de contabilidade, mas encontra dificuldades. "Tudo está muito ruim e continua na mesma. Você não pode mais dormir em sua casa e o odor nas ruas é medonho", relata à reportagem, por meio da internet. Ela acredita que muitos soterrados morreram nos últimos dias. "Em alguns lugares, você não sentia o odor nauseabundo dos corpos, que piorou muito na madrugada de hoje (ontem), com a chuva", acrescenta. A contabilista critica a ajuda humanitária e comenta que não houve progresso até o momento. "Algumas pessoas receberam tendas, mas nem todas. Não temos comida suficiente e a água é encontrada mais facilmente", diz Regine.

Chuva

A tempestade - que começou às 4h (hora local) - não apenas espalhou o cheiro da morte, como destruiu várias tendas de campos de desabrigados. Alguns sobreviventes acordaram com os lençóis encharcados, enquanto outros deitavam-se sobre poças d'água em Centre-Ville, a principal praça de Porto Príncipe. Segundo a agência de notícias France-Presse, 1,2 milhão de haitianos perderam suas casas (cerca de 40% da população da capital) e mais de 50 mil famílias foram contempladas com material de emergência. "A coordenação da ajuda melhorou com o restabelecimento das comunicações viárias e telefônicas e os esforços empreendidos pelas organizações humanitárias", afirmou o presidente do Haiti, René Préval. As entidades se apressam em distribuir sacas de arroz de 25kg, lonas e barracas. O mandatário cobrou a melhora na logística do repasse das doações e fez um alerta. "A temporada de chuva vai começar, e temos de nos esforçar para auxiliar as pessoas que ainda estão nas ruas", declarou Préval.

O engenheiro agrônomo Jean-Petit Marseille, presidente do Rotaract Club de Porto Príncipe, lembra que a maior parte da população vive em tendas erguidas de forma precária, com pedaços de tecido e papelão. "A chuva desta madrugada causou grande pânico, raiva e amargura. Os haitianos estão ansiosos e desesperados por não terem acesso às estratégias do governo que possam aliviar o sofrimento a curto prazo e, a longo prazo, reduzir o efeito de outro terremoto", explica à reportagem.
FONTE: CORREIO BRASILIENSE

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