Aos 88 anos, Florence Siegel costuma relaxar ao som de Bach, lendo o jornal "New York Times" e tomando uma taça de vinho. Ela completa sua receita todas as noites fumando um cachimbo de maconha. E recomenda para outros idosos, sem entender por que muitos de sua idade ainda não adotaram o mesmo hábito, que está se popularizando nos Estados Unidos entre adultos com mais de 50 anos, apesar de advertências de médicos.
O número de pessoas com 50 anos ou mais que declara fumar maconha subiu de 1,9% para 2,9% entre 2002 e 2008, de acordo com pesquisas da Administração de Serviços de Abusos de Substâncias e Saúde Mental dos EUA. Entre os americanos de 55 e 59 anos, o aumento foi ainda maior: o consumo declarado da droga mais que triplicou, passando de 1,6% em 2002 para 5,1%. Pesquisadores esperam um crescimento ainda maior, já que 78 milhões de "boomers" nasceram nos 20 anos que marcaram o surgimento da geração.
Em 14 estados dos EUA pacientes são beneficiados por legislação que permite usar a droga legalmente sob recomendação médica, mas aqueles que fumam nos outros 34 estados do país precisam infringir as leis. Do ponto de vista político, defensores da legalização da maconha acreditam que o número de usuários idosos pode representar um reforço importante para a campanha que promovem há décadas em favor da mudança da legislação americana.
- Por um longo tempo, nossos adversários políticos eram americanos idosos que não eram familiarizados com a maconha e consideravam a droga muito perigosa - afirma Keith Stroup, fundador e advogado do grupo NORML de defesa do uso da maconha que, aos 66 anos, mantém o hábito de fumar a erva enquanto assiste ao noticiário da noite. - As crianças estão criadas, estão fora da escola, você tem seu tempo nas suas mãos e, francamente, é um tempo em que você pode realmente curtir a maconha.
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