A senadora disse não concordar com a redução do debate a questão pessoal, de "ser contra" ou "ser a favor".
- Eu gostei muito de uma coisa que o Gabeira me disse: num debate difícil como esse, antes de colocar o foco nas divergências, vamos tentar centrar na convergência - disse ela. - Existe um debate que ainda não foi feito na sua profundidade. Com isso, todos concordamos. Segundo convergência: de que ainda não temos todas as informações necessárias para um processo de tomada de decisão, ainda que já tenhamos uma série de elementos e argumentos que mostram que é dramática a situação das mulheres, principalmente daquelas que são pobres, que, no desespero, procuram meios que arriscam suas vidas e que ainda correm o risco de um processo penal pela criminalização.
A ministra defendeu ainda que o debate não se restrinja ao Congresso:
- O que é o grande debate no meu entendimento? É sairmos da esfera da esfera puramente do Congresso e fazermos aquilo que eu chamo de um plebiscito para que se possa discutir com profundidade.
Ela disse que no caso da descriminalização da maconha, a situação é parecida, havendo também falta de informação.
- As pessoas que advogam a posição da descriminalização são sérias, não estão fazendo um discurso de apologia das drogas e eu sou muito cuidadosa em relação a isso. (...) Se esse debate for dicotomizado entre apenas quem é contra e a favor, nós não vamos encontrar a solução porque continuar como está não é a solução, descriminalizar sem o acolhimento, o atendimento e o tratamento também não é a solução. Vamos buscar os meios conjuntamente, essa é a minha posição.
FONTE: REVISTA TRIP/ JORNAL O GLOBO
Como a senhora vê a descriminalização das drogas?
Dilma - A droga é uma coisa muito complicada. Não podemos tratar da questão da droga no Brasl só com descriminalização. Estou muito preocupada com o crack. O crack mata, é muito barato, está entrando em toda periferia e nas pequenas cidades. Não vamos tratar o crack única e exclusivamente com repressão, mas com uma grande rede social, que o governo integra. Há muita entidade filantrópica nas clínicas de recuperação. A gente tem de cuidar de recuperar quem já está viciado e cuidar de impedir que entrem outros. Tem que cuidar também para criar uma política de esclarecimentos sobre isso. Não acho que os órgãos governamentais, Estado, municípios e União, vão conseguir sozinhos. Vamos precisar de todas as igrejas e entidades que têm uma política efetva de combate às drogas. A questão da droga no século XXI é muito diferente daquele tempo de Woodstoc, que tinha um componente libertário.
A senhora é a favor da repressão mesmo no caso de drogas leves, como a maconha?
Dilma - Não conheço nenhum estudo que comprove que a droga leve não seja passo para outra. Esse é o problema. Num país com 50 milhões de jovens entre 15 e 29 anos, é complicado falar em descriminalização, a não ser que seja para fazer um controle social abusivo da droga. Não temos os instrumentos para fazer esse controle que outros países têm. A não ser que a gente tenha um avanço muito grande no controle social da droga, fazer um processo de descriminalização é um tiro no pé. O problema não é a maconha, mas é o crack. O crack é uma alternativa às drogas leves, médias, pesadas. Não é possível mais olhar pura e simplesmente para a maconha, que não é um caso tão extremo nem tão grave."
Como bem disse o representante do Escritório das Nações Unidas para Crimes e Drogas (Unocd), Bo Mathiasen, em matéria publicada ontem no GLOBO, "a planta Cannabis é uma planta ilícita. Nenhum país tem proposto legalizar esta planta. Será que você acaba com a violência e com o crime organizado legalizando a maconha? Nossa resposta é não!"
Parabéns, Mathiansen! No que depender de mim, vou resistir até o último usuário de maconha a essa ideia absurda de que a legalização é a saída.
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