Brancos, negros, indígenas... Gaúchos, mineiros, cariocas, cearenses... Japoneses, alemães, americanos... O 2º Congresso da Conlutas aglutina mais de dois mil participantes vindos de diversos lugares do Brasil e do mundo. Além da expectativa de construir uma nova ferramenta de luta da classe trabalhadora, na bagagem dos militantes e ativistas o anseio por uma sociedade diferente da que aí está.
De Passo Fundo, interior do Rio Grande do Sul, o integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Felipe Biernaski, trouxe o famoso chimarrão. A bebida típica, que passa de mão em mão, representa bem, na sua concepção, o objetivo maior do evento: união. “Somos todos seres humanos e lutamos pela igualdade. Precisamos eliminar essa doença que é o sectarismo e a Conlutas se mostra comprometida com essa causa”, argumentou.
Coincidência ou não, o professor Maurício Castro também trouxe na mala uma bebida para socializar com os brasileiros. Da pequena Galícia, veio o licor do bagaço da uva e o sentimento de que a Conlutas tem como premissa fundamental o respeito à diversidade de culturas. “Trata-se de uma aposta estratégica. Enquanto o Estado espanhol nega isso, a Conlutas e esse Congresso respeitam e reforçam as diferenças”, constatou.
Do lado de cá do Atlântico, as impressões seguem na mesma cadência. Eluizito Alves do Nascimento, trabalhador da construção civil de Fortaleza, é prova disso. Enquanto mastiga uma castanha trazida da sua terra, conta a batalha que a sua categoria tem travado contra os ataques da patronal. “Nosso sindicato tem uma tradição muito grande de luta. Não desistimos. Queremos que a nova central seja assim também”.
O jovem Felipe Duarte não tem a experiência dos 66 anos de idade de Eluzito. É estudante e há pouco está engajado no movimento estudantil. Para ele, não importa. Seus 21 anos são suficientes para avaliar com propriedade o 2º Congresso da Conlutas. “A diversidade que está sendo contemplada aqui, até pela questão dos diversos movimentos que estão participando, termina com a idealização de tipos prontos. E isso evita a fragmentação da classe”, relata com o característico sotaque mineiro. Aliás, Felipe é a diversidade em pessoa. Mineiro e torcedor do Botafogo!
A carioca Helena Cristina e a paulista Diná Neres fizeram questão de acentuar a beleza da mulher africana. De colares, brincos e bandanas com as cores que lembram a bandeira jamaicana, elas reafirmam a riqueza das trocas culturais que o Congresso tem proporcionado. “Aqui nos sentimos à vontade. Não somos oprimidas. A tendência desta nova central que está nascendo é que setores marginalizados sejam reunidos de modo que tenham ainda mais força”, traçou Diná. Com a alegria e animação própria dos nascidos no Rio de Janeiro, Helena arrematou: “Nós estamos todos misturados. Raças de todos os tipos... O que interessa é que caminhamos para um só destino, que é reforçar a luta e a mobilização dos trabalhadores”.
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