O previsível aconteceu, felizmente sem provocar uma terrível tragédia em decorrência de perdas de vidas. Toda comunidade universitária vem acompanhando apreensiva, há vários anos, o problema das obras inacabadas do HU. Concebido no contexto da ideologia do Brasil Potência, o HU é um prédio atualmente considerado inadequado – por seu gigantismo pouco funcional - para a sua função social, a de ser um exemplar centro de pesquisa e de formação de profissionais da área da saúde e de áreas afins. Mas os problemas não se limitam à engenharia e à arquitetura.
A chamada “perna seca”, todo um bloco inacabado e muito deteriorado pelo tempo, resulta da histórica omissão do Governo Federal em relação aos HU´s. Há anos, os sucessivos governos Federais operam um perverso jogo em que o Ministério da Educação, o óbvio responsável pelo fundamental do financiamento do hospital, transfere sua falta de responsabilidade para a conta do Ministério da Saúde que prove recursos do SUS para os procedimentos, mas não para a manutenção das instalações. O Ministério da Saúde justifica a sua omissão alegando que a responsabilidade é do MEC. Neste jogo, o HU Clementino Fraga Filho vem sofrendo deterioração das suas instalações e o custeio cotidiano de pessoal, materiais, insumos e equipamentos que permanecem sem cobertura orçamentária.
Cabe salientar também que a própria Reitoria da UFRJ precisa assumir o problema em sua plenitude, exigindo publicamente do governo Federal os urgentes e imprescindíveis recursos para que o HU possa seguir sendo uma instituição de referência, como historicamente vem sendo, por sua qualidade acadêmica e de serviços. A degradação do patrimônio público da UFRJ expressa a falência do modelo de financiamento atrelado a expansão de vagas e aos chamados “produtos” – como número de procedimentos de alta, media e baixa complexidades. É preciso um outro modelo de financiamento que assegure a infraestrutura necessária para que a UFRJ possa seguir cumprindo suas relevantes funções sociais. A recuperação de todo o patrimônio da instituição é parte dessa luta histórica, inclusive os que foram apropriados de modo ilegítimo para fins privados-mercantis, como o Canecão, uma casa cultural que deve estar a serviço da cultura e aberta a toda a cidade!
FONTE: Adufrj-SSind
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