2 A QUE PONTO NOS LEVARAM:
"O resgate da maior dívida jamais paga". Assim o presidente do Senado, José Sarney, definiu, na manhã desta quarta-feira (16), o projeto de Estatuto da Igualdade Racial, previsto para ser votado à tarde pelo Plenário da Casa. Em sua opinião, um dia depois da vitória da seleção brasileira em sua estreia na copa mundial de futebol, essa é a oportunidade de o Brasil "dar de goleada".
Diante do ministro Elói Ferreira, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; do senador Paulo Paim (PT-RS), autor do projeto; e de representantes de organizações do movimento negro, Sarney falou da influência africana na identidade nacional.
- Nossa identidade foi forjada pelo africano. Nossa alegria vem da África. A aprovação desse projeto é o resgate da maior dívida jamais paga, uma dívida que nunca resgatamos. A força, a alegria, a coragem do brasileiro vêm da África.
No encontro, Sarney foi lembrado de que é um dos precursores desse Estatuto. Ele reconheceu que foi o primeiro a defender a fixação de quotas raciais para os descendentes dos africanos forçados a vir trabalhar como escravos no Brasil. E se disse integrado, desde sempre, nesse esforço.
- Estou integrado nessa luta com alma e convicção. Vamos para a vitória. Com Dunga ontem fomos de 2 a 1, hoje vamos dar de goleada.
No mesmo tom otimista, Alberto Jorge Silva, coordenador regional de Religiões de Matrizes Africanas e Ameríndias, antecipou para Sarney que as galerias do Plenário se encheriam para assistir a essa votação.
- Nosso povo hoje estará nas galerias. Pela primeira vez, nós, macumbeiros, fomos contemplados num movimento específico. Sempre fomos perseguidos pela polícia. Terreiros de macumba, neste país, até hoje são invadidos e apedrejados. Nossos voduns nos dão a certeza de que hoje teremos quórum, de que o projeto passará hoje -
Também presente à solenidade, Eduardo de Oliveira, presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro, anunciou que ali se abria "um caminho mínimo prenunciando uma larga passagem para a tocha do ideal negro no Brasil".
FONTE: AGÊNCIA SENADO
Nenhum comentário:
Postar um comentário