Por Reginaldo Bispo-MNU-SP
Antes de qualquer coisa, é melhor não confundir as posições do MNU com a de um setor governista do Movimento Negro, adesistas de primeira hora, e com a da turba da Ivone Maggee, Magnole, Militão e MN Socialista, e seus neo-racistas, que lutam contra qualquer espaço para negras e negros. Nós lutamos por uma legislação transparente que proporcione condições objetivas a população negra, de vencer as desigualdades raciais e o racismo.
Nestes últimos dias do mês da Consciência Negra, tive a oportunidade de assistir bem de perto o desespero e a tentativa dos favoráveis a “qualquer estatuto”, em transformar a derrota a que submeteram negras e negros na Subcomissão do Senado, com a aprovação do Estatuto inócuo, em vitoria, (com letra minúscula mesmo), ainda que seja de Pirro*
Fomos convidados para participar de um debate sobre o estatuto em um “aparelho” da Unicamp e da Prefeitura de Campinas, a reconstruída Estação Guanabara. Depois de hora e meia de atraso, nos deparamos com um secretário municipal, prócere do nosso anfitrião acadêmico e petista.
Na hora H, constituída a mesa, ficamos sabendo que o palestrista era o secretário, e que negras e negros ali presentes, inclusive o representante da Coordenação Nacional do Movimento Negro Unificado era platéia para ouvir do secretário a defesa do indefensável mal fadado estatuto. Ah! Eles estão desesperados! Dias antes, fomos convidados, e desconvidados, sem aviso, por membros do PCdoB/Unegro para igual debate, no Campus da Unicamp. Debate este, transformado em fórum de apoio ao estatuto com a participação de veneráveis figuras petistas, do PCdoB entre outros. Estes espaços tem se multiplicado nos últimos dias por todo o Brasil. O que estaria ocorrendo no mundo governista? Ah! Eles estão desesperados! Da letra de fanck.
Depois que o presidente do PSDB em SP, descumpriu o acordão do senado, e passou exigir votação em plenário da referida matéria, parece que tudo entrou em parafuso, e iniciou-se o inferno astral para os adeptos do estatuto a qualquer custo.
Nesta semana, recebi uma mensagem do Dr Militão, propondo-nos, ao MNU, ser portador de uma eventual mensagem nossa em audiência do Senado, na próxima semana. Agradecemos, mas não aceitamos. Nossas motivações são muito diferentes.
Os dois lados buscam alianças também a todo custo. Senão vejamos. Porque uma matéria “dominada” a base de um acordo de direita, esquerda; oposição, governo; Fascistas e comunistas; Racistas e “Movimento Negro”, seria objeto de uma audiência publica as vésperas de sua aprovação pelo senado, com maioria de neo-racistas? Deus, se existe, só ele sabe!
Ao que parece, o milagre de juntar os imisturáveis, gregos e troianos, que não conseguem votar qualquer outra matéria no congresso brasileiro, foi juntar os projetos eleitorais de ambos; e a derrota do povo negros. Sem esquecer o projeto dos negros apoiadores: Esperar pela gratidão dos maiores beneficiários, na forma de boquinhas e apoio para suas candidaturas. Eles não abrem mão de tentar capitalizar de qualquer jeito, mesmo as custas da mentira, transformando uma deslavada derrota em vitoria. Escondidos, eles criam espaços em busca da legitimação de negras e negros, para o estatuto monstrengo.
Tudo indica, que o governo do, new negro, o Lula, segundo a declaração do ministro Edson Santos, na Sessão Solene no senado em homenagem ao 20 de novembro, ou “pai dos pretos”, como querem nossos pretinhos do PT , do PCdoB e da base do governo, apoiadores do desidratado estatuto, e pai dos brancos, parafraseando os getulistas, após nos dar, nos negros, um passa moleque, agora recebe o troco em grande estilo, de seus aliados no caso, o PSDB/DEM. Ironicamente, só eles não sabiam que isso podia acontecer, tão cegos que estavam. Agora é correr atrás do prejuízo.
Não se acanhem, os manipuladores de plantão, é só se disporem a trabalhar um pouco. De graça, o XVI Congresso do MNU em julho deste ano em SP, ofereceu-lhes a solução como saída honrosa: A retirada do projeto da pauta do senado, enquanto é tempo, e remeça para debate, de todo o seu conteúdo durante o processo eleitoral de 2010. Quem sabe aí não se cria o texto ideal e uma grande bancada comprometida com a sua aprovação, ao invés da meia dúzia de hoje. O que temem os governistas?
Com este texto AUTORIZATIVO, sem poder de lei, e SEM VERBA para implementação, sem cotas raciais nas universidade, nos partidos, na propaganda e na mídia, sem o item cor nos formulários de atendimento médico, sem defesa da vida e contra o genocídio da juventude negra, sem defesa da religiosidade de matriz africana, sem a obrigatoriedade do ensino da historia e da cultura africana e do negro no Brasil, a lei 10.639, sem a garantia de reconhecimento, certificação e titulação das cerca de 5000 comunidades quilombolas,
(titulando apenas 50 até o fim do governo), o governo resolveu incorporar uma nova conceituação de racismo, (aliás, tentando responder as nossas criticas), que revoga com o estatuto fantoche, sem força de lei, a legislação imprescritível e inafiançável da lei Caó, formulada e defendida pelo MN na Assembléia Nacional Constituinte, na carta de 1988, deixando assim, sem nenhum marco legal a luta contra o racismo.
A lei Afonso Arinos, de 1950, em resposta a repercussão internacional do racismo praticado por um grande hotel do Rio, contra uma artista negra americana, levou 38 anos para ser mudada. A lei Caó, com todos os seus problemas está ai a 21 anos. A ATUAL CONCEITUAÇÃO É UMA NÃO LEI. Essa é a camisa-de-força que quer querem legar o Ministro Edson Santos, a base governista, as esquerdas brasileiras, os parlamentares negros na câmara e no senado, a Conen, a Unegro e o CEN, e o governo do pai dos pretos e mãe dos “bancos”, á nossas futuras gerações.
- Diga não ao estatuto fantoche!
- Pela retirada do Estatuto da Igualdade de Pauta do Senado!
-
- Por liberdade, igualdade e autonomia reais!
-
- Longa vida ao Movimento Negro Unificado!
-
*Vitória pírrica ou vitória de Pirro é uma expressão utilizada para expressar uma vitória obtida a alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis.
Esta expressão tem origem em Pirro, general grego que, tendo vencido aBatalha de Ásculo contra os Romanos com um número considerável de baixas, ao receber os parabéns pela vitória tirada a ferros, teria dito, preocupado: "Mais uma vitória como esta, e estou perdido."
Com efeito, Pirro tivera, além da Batalha de Ásculo, mais uma vitória parecida contra os Romanos, a Batalha de Heracleia. Embora os Romanos tivessem tido um número superior de baixas, era-lhes mais fácil recrutar mais homens e reorganizar o seu exército, algo impossível para o exército de Pirro, cujas baixas lhe dizimavam o exército irreparavelmente.
Esta expressão não se utiliza apenas em contexto militar, mas também está, por analogia, ligada a atividades como a economia, a política, a justiça, a literatura e o desporto para descrever uma luta similar, prejudicial para o vencedor
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário