Acessório pode custar até 25 e ganha adeptos em Paris e Londres
Os corpos continuam bem encobertos por casacos pesados e luvas, em um inverno europeu com temperaturas glaciais. Mas, dentro de dois meses, quando os braços e pulsos estiverem mais à mostra nas principais capitais do continente, como Paris e Londres, um pequeno adereço estético, colorido e bem familiar, vai chamar a atenção dos brasileiros: fitinhas do Nosso do Senhor do Bonfim. Isso porque, a exemplo do fenômeno Havaianas, as pulseirinhas de tecido vêm se tornando um novo hit dos fashionistas e "brasilófilos" de plantão.
Os mais atentos à moda já perceberam a aparição das fitinhas. Evidentemente, não há estatísticas para explicar o fenômeno, mas a sensação de quem trabalha com acessórios, ou os admira, é taxativa. "Todo mundo usa", sentencia a jornalista franco-americana Jenny Barchfield, especialista em moda da agência Associated Press em Paris. "Durante muitos anos, eu usava, mas não uso mais por causa disso. Tem "bobo" demais usando", conta, valendo-se da expressão típica do francês para designar os parisienses "burgueses-boêmios".
Outro indicativo do sucesso das fitinhas é o rumor de que elas estariam prestes a desembarcar em pelo menos dois templos fashionistas parisienses, uma grande loja de departamentos e uma butique - caríssima -, ponto de romaria dos "mais descolados" à Rue Saint-Honoré. Os paninhos baianos benditos, conhecidos na França como "porte bonheur", acabaram supervalorizados por vendedores de lojinhas badaladas. Seu preço pode variar de ? 0,50 a ? 5. Customizadas, são vendidas com o apelo "desenho Saint-Tropez" em lojas como a Spirit Wire, na Côte D"Azur, por valores de ? 11 a ? 25.
Boa parte da propaganda das fitas é feita no boca a boca. A "tendência" é mais presente entre os familiares e amigos de brasileiros e entre quem já foi ao Brasil. É, de certa forma, um símbolo de distinção de quem conhece o país, cuja imagem é positiva na Europa. "São bonitinhas demais!", derrama-se Mélanie Durand, de 27 anos, uma francesa aficionada por capoeira que conhece o litoral do Nordeste melhor que muitos brasileiros.
Entre algumas tribos, a fitinha é até polêmica. Há quem defenda o uso respeitando ritos baianos. "A fitinha não se compra, se ganha! Enfim, as que eu recebi em Salvador me foram todas doadas", reitera Laure Nakara, de 29 anos. Alheia à polêmica, a arquiteta Cláudia Cerantola, proprietária do site de comércio online de produtos brasileiros Pur Suco, que comercializa desde 2006 o "Souvenir du Dieu de Bahia", por meio euro, trata de aproveitar a onda. "Viraram acessório da moda. As vendas só aumentam." Segundo ela, empresas francesas as estão copiando, produzindo e vendendo como fitas "tipo brasileiras", e com a escrita que o cliente quiser.
FONTE: ESTADÃO
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