PSTU, PSOL e PCB debateram a situação do país, o programa para as eleições e a não existência da Frente de Esquerda
Diante de um auditório lotado, com quase 300 pessoas, foi realizado nesta segunda, 17 de maio, na UFRJ, o debate com pré-candidatos à Presidência, como parte da V Semana de Integração Acadêmica da Escola de Serviço Social. Estiveram presentes os pré-candidatos José Maria de Almeida (PSTU) e Plínio de Arruda Sampaio (PSOL). Eduardo Serra representou a candidatura de Ivan Pinheiro (PCB). Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) também foram convidados, mas não compareceram.
Foi um debate concorrido, com muitos ativistas do movimento estudantil, como os do Centro Acadêmico de Serviço Social, do DCE-UFRJ, da ANEL e de setores da UNE, de oposição. O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) e o ex-deputado Milton Temer também acompanharam o debate, além de diversos professores da UFRJ e representantes de sindicatos, como o Andes, base do Sintufrj, economistas, entre outros.
Os debatedores aproveitaram suas falas iniciais para apresentar suas candidaturas. Todos denunciaram o caráter neoliberal do governo Lula e de suas reformas, e destacaram a necessidade de apresentar uma alternativa à falsa polarização entre PT e PSDB. Zé Maria alertou que na verdade a mídia burguesa prioriza três candidaturas; as de Serra (PSDB), Dilma (PT) e Marina (PV), todas ligadas aos governos de FHC e Lula.
Disse ainda ser necessário construir junto à classe trabalhadora uma massa crítica em relação à mistificação de Lula e seu governo, mostrando para quem Lula governou. “Aqui no Rio, quando as casas estavam caindo e as pessoas morrendo, Lula mandou todos rezarem para parar de chover. Mas quando a crise se abateu sobre as empresas, ele não mandou os empresários pedirem à Deus. Ele liberou 370 bilhões de reais!”, denunciou.
Ele defendeu a defesa de um programa socialista que levante a expropriação das grandes empresas, o não pagamento das dívidas e a retirada imediata das tropas do Haiti. Para isso, defendeu a independência política e financeira das candidaturas. Os militantes do PSTU distribuíram o manifesto programático, com 16 pontos para um programa socialista.
Zé Maria apresentou ainda o cenário em que estas eleições ocorrem, de aprofundamento da crise econômica na Europa. Ele denunciou os pacotes contra os trabalhadores europeus e os cortes que Lula já faz no Orçamento, os ataques aos servidores e contra a aposentadoria.
FRENTE DE ESQUERDA
As falas do público destacaram outro tema, o da não conformação de uma frente de esquerda nestas eleições. Afinal, ali estavam representantes dos três partidos que compuseram a Frente de Esquerda em 2006.
Desta vez os pré-candidatos, apesar de reconhecerem a importância da unidade, se posicionaram de maneira diferente. Plínio de Arruda Sampaio argumentou que defende a unidade, mas que “será um problema, mas teremos de saber contornar esta divisão”. Eduardo Serra, do PCB, levantou a fórmula “três candidaturas, um só programa” defendendo um pacto de não-agressão no processo eleitoral. Ambos também defenderam, com nuances, as experiências de Evo Morales, Hugo Chávez e de Cuba.
Por outro lado, o candidato do PSTU alertou que não podemos confiar nos governos ditos de esquerda, como o de Evo Morales e Hugo Chávez, pois não se enfrentam totalmente com o imperialismo e com as multinacionais, e não representam uma saída socialista.
Ele afirmou que não foi possível construir a unidade da frente de esquerda, mesmo com um chamado do PSTU em agosto de 2009, porque a direção do PSOL privilegiou uma possível aliança com Marina Silva, e que apenas não se concretizou porque o PV preferiu o PSDB no Rio. Citou ainda as diferenças programáticas e o tema da independência financeira.
Por fim, defendeu a unidade nas lutas, como na construção do Congresso Nacional da Classe Trabalhadora, no início de junho, e na formação de uma nova entidade de lutas, que unifique os ativistas da Conlutas, da Intersindical e dos demais movimentos.
FONTE: OPINIÃO SOCIALISTA
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