"Os católicos utilizam a pílula da mesma maneira que tomam uma aspirina... Os padres não pregam mais contra a pílula", afirma Jon O'Brien, presidente do grupo de reflexão Catholics for Choice.
"Não está provado que os preceitos da Igreja acabaram influenciando os católicos em sua decisão de usar um meio contraceptivo", acrescentou Frances Kissling, autora de um relatório sobre os comportamentos sexuais dos católicos e membro de uma associação de defesa das mulheres, Women Deliver.
Cerca de 98% das mulheres americanas com idade entre 15 e 44 anos utilizaram alguma forma de contracepção ao longo de suas vidas e 44 milhões tomaram a pílula em algum momento, segundo os dados dos Centros de Controle de Doenças (CDC).
Kissling informou ainda que menos de 5% dos católicos nos Estados Unidos utilizam os métodos anticoncepcionais autorizados pela Igreja, como o método do ciclo natural ou da abstinência.
Os protestantes, os judeus e os muçulmanos são menos conservadores do que os católicos com suas rígidas maneiras de contracepção, mas todas as grandes religiões concordam que as relações sexuais têm como principal objetivo a reprodução. Deus disse "Sede fecundos, multiplicai-vos", relembram os religiosos.
Em 1968, apenas dois anos após a aprovação da pílula pelas autoridades médicas americanas, mesmo com o aviso tolerante de uma comissão de bispos e teólogos preconizando o crescimento das restrições contraceptivas, o Papa Paulo VI manteve a proibição do uso do medicamento através da encíclica Humanae Vitae.
"A pílula não é o problema. A Igreja não concorda com as pessoas que querem manter relações sexuais sem procriar", afirmou Bill Mattison, professor de teologia da Universidade Católica de Washington.
Dentre as inúmeras mulheres católicas que viviam sob os rígidos preceitos da Igreja, muitas voltaram atrás. "Brincamos de 'roleta do Vaticano' durante alguns anos e não funcionou muito bem", contou Else, de 79 anos, falando sobre o método natural de seguir o ciclo menstrual feminino. Else teve quatro filhos em cinco anos, sem contar um aborto natural em 1967 que a levou, finalmente, ao médico que prescreveu a pílula.
"O doutor, que era católico, me disse: 'você está brincando com fogo se tiver mais um filho. Acredito que seja preciso se resguardar de maneira segura'", continuou. "Assim, comecei a tomar a pílula".
"Se eu não tivesse começado a tomar o remédio, provavelmente teria tido filho até os 50 anos e, talvez, não estivesse viva hoje", afirma a mãe de família. Segundo ela, as mulheres que seguiram as regras ditadas pela Igreja "tiveram mais filhos do que elas realmente desejavam". "Foi um grande sacrifício e, a partir de um determinado momento, as mulheres disseram: já chega!
FONTE: HOJE EM DIA"
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